Graça, Misericórdia e Paz de Deus Pai e do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!
Em diversas passagens bíblicas do Novo Testamento são citadas três figuras religiosas duramente criticadas por Jesus: os Escribas, os Fariseus e os Saduceus.
No meio do povo judeu, os Escribas eram os homens encarregados de fazer cópias dos textos do Antigo Testamento e também de interpretar as Escrituras. Os Escribas também eram conhecidos como Doutores da Lei (Lei de Moisés ou Mosaica).
Os Saduceus faziam parte de um pequeno grupo religioso judaico, sendo que as principais características deles eram que, diferentemente dos Fariseus, os Saduceus não acreditavam na existência de anjos, nem na ressurreição dos mortos e tampouco em espíritos (Mateus 22.23; Atos 23.8). A maioria dos saduceus eram sacerdotes ricos e influentes.
E os Fariseus, quem eram?
Vejamos a conceituação do Dicionário Teológico do Autor Claudionor Corrêa de Andrade (CPAD, 2007, p. 187):
“[Do hb. Pharush; do Gr. Pharisaios; do lat. Pharisaeu] Partidário de uma das principais seitas rabínicas dos tempos de Cristo. Tendo como líderes espirituais os escribas, sublimavam a letra da Lei Mosaica em detrimento do espírito desta. Por causa de seu formalismo e exterioridades, foram energicamente combatidos pelo Senhor Jesus. O fariseu caracterizava-se ainda pela ferrenha oposição aos outros religiosos, fugindo-lhes a qualquer contato. Ao contrário dos saduceus, acreditavam na existência dos anjos, dos espíritos, da ressurreição dos mortos. Alimentavam eles também uma forte expectativa messiânica. Hoje em dia, fariseu tornou-se sinônimo de orgulho e hipocrisia. É a perfeita figura de quem, apesar da santidade que ostenta, leva uma vida dissoluta e ímpia.”
Segundo a Pequena Enciclopédia Bíblica (Instituto Bíblico das Assembléias de Deus, 1985, p. 316), “Chamados fariseus, isso é, separados, porque não somente se separavam dos outros povos, mas também dos outros israelitas”.
Interessante também é a definição encontrada no Wikipédia: “Fariseu (do hebraico פרושים) é o nome dado a um grupo de judeus devotos à Torá, surgidos no século II a.C.. Opositores dos saduceus, criam uma Lei Oral, em conjunto com a Lei escrita, e foram os criadores da instituição da sinagoga. Com a destruição de Jerusalém em 70 d.C. e a queda do poder dos saduceus, cresceu sua influência dentro da comunidade judaica e se tornaram os precursores do judaísmo rabínico. A palavra Fariseu tem o significado de "separados", " a verdadeira comunidade de Israel", "santos". Sua oposição ferrenha ao Cristianismo rendeu-lhes através dos tempos uma figura de fanáticos e hipócritas que apenas manipulam as leis para seu interesse. Esse comportamento deu origem à ofensa "fariseu", comumente dado às pessoas dentro e fora do Cristianismo, que são julgados como religiosos aparentes.” (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Fariseus>, Acesso em julho de 2011).
Alguns poucos fariseus não eram ruins, como Nicodemos e Gamaliel, todavia, vamos falar agora sobre alguns dos erros cometidos pela maioria dos Fariseus:
Os fariseus não eram espirituais, eram carnais, não tinham discernimento espiritual, e, por isto, blasfemaram contra o Espírito Santo dizendo que Jesus expulsou demônios pelo príncipe dos demônios (Mateus 9.34, Mateus 12.24, Lucas 11.15);
Os fariseus foram os maiores responsáveis pela morte de Jesus Cristo, pois não creram nEle, não aceitaram Jesus como o Messias (Mateus 12.14, 21.46, 27.41,62; Marcos 3.6; João 7.32, 11.47,57, 18.3);
A Bíblia também relata que os fariseus eram avarentos (Lucas 16.14);
João Batista chamou os fariseus de raça de víboras (Mateus 3.7), assim como Jesus também os chamou desta forma (Mateus 23.33);
Os fariseus achavam-se mais sábios e inteligentes do que Jesus, e, assim sendo, tentaram apanhá-lo em alguma palavra, mas não lograram êxito (Mateus 22.15,34);
Os fariseus observavam o sábado de maneira tão minuciosa que este dia, em vez de descanso, se tornou um fardo (Lucas 13.10-17, Mateus 12.1-14);
Os fariseus iam além do que prescrevia a Lei Mosaica, dando ênfase à tradição (lei oral, doutrinas de homens), ensinando que era necessário se lavar antes de comer, assim como prescreviam a minuciosa lavagem das mãos, pratos, copos, jarros, etc (Marcos 7.3,4);
Além de terem criticado Jesus por ele ter operado milagres no sábado e pelo fato de Jesus não ter ensinado aos discípulos as tradições dos anciões (lei oral), os fariseus também criticaram Jesus pelo fato d’ele ter comido com publicanos e pecadores (Mateus 9.11).
Os fariseus eram incrédulos e pediram de Jesus um sinal, sendo que Jesus se negou a fazê-lo (Mateus 8.11, 12.38, 16.1).
Apesar das provas estupendas que Jesus deu de seu Ministério, os fariseus preferiram a tradição e rejeitaram a salvação ofertada por Jesus (Mateus 15.2-6, Marcos 7.3-13, Colossenses 2.8).
Além destes citados erros cometidos pela maioria dos fariseus, o que mais chamava a atenção neles era o fato de eles terem sido hipócritas e religiosamente orgulhosos e arrogantes.
Vejamos o que diz as Sagradas Escrituras sobre os fariseus, no Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos, no capítulo 7, versículos 1 ao 9:
“E ajuntaram-se a ele os fariseus, e alguns dos escribas que tinham vindo de Jerusalém. E, vendo que alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar, os repreendiam. Porque os fariseus, e todos os judeus, conservando a tradição dos antigos, não comem sem lavar as mãos muitas vezes; E, quando voltam do mercado, se não se lavarem, não comem. E muitas outras coisas há que receberam para observar, como lavar os copos, e os jarros, e os vasos de metal e as camas. Depois perguntaram-lhe os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos por lavar? E ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, Mas o seu coração está longe de mim; Em vão, porém, me honram, Ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição.” Sem negrito no original.
Infelizmente não são poucos os cristãos que são verdadeiros “cristãos fariseus”, que deixam a Bíblia em segundo plano para enfatizarem suas próprias tradições, costumes e ensinamentos humanos, sendo que muitas vezes chegam a invalidar a doutrina bíblica (que é a sã doutrina) para implantarem doutrinas humanas, culminando em legalismo cristão, religiosidade, pseudo-santidade e até em modismos.
Alguns cristãos dizem que é bom ter algumas regras a mais (além da bíblia, ou seja, doutrinas e ordenanças de homens) para que o povo se santifique mais e seja menos mundano, todavia, em Colossenses, capítulo 2, versículos 20 ao 23 está escrito que os ensinamentos e as ordenanças de homens em nada se aproveitam:
“Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne.” (sem negrito no original).
Esta satisfação da carne citada acima geralmente é promovida por meio do orgulho espiritual (p. ex.: “Olha para mim, olha como eu sou mais santo do que aquele”).
Vamos estudar mais um pouquinho sobre os fariseus. Na Bíblia há também outra famosa passagem bíblica sobre os fariseus que se encontra no livro de Mateus, no capítulo 23, do versículo 1 ao 7, que diz:
“Então falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos, Dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los; E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes, E amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas, E as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi.” (sem negrito no original).
No citado capítulo de Mateus (23), ainda está escrito sobre os fariseus:
“13 Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando. (...) 23 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. 24 Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo. 25 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniqüidade. 26 Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo. 27 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia. 28 Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade. 33 Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?”
Os fariseus, para parecerem santos, separados, usavam roupas e adornos característicos, ou seja, eles usavam vestimentas diferentes das vestimentas do seu próprio povo (aumentavam as franjas dos vestidos e usavam largos filactérios), de forma que podiam ser reconhecidos de longe pela aparência, conforme Mateus 23.5. Hoje em dia também não são raros os cristãos que, assim como os fariseus, tentam ser reconhecidos unicamente por uma aparência diferenciada, quando na verdade deveriam ser reconhecidos pelo caráter cristão e pelas boas obras. Um dos ensinamentos que Jesus deixou para nós quando ele estava se referindo aos fariseus é que devemos fugir da falsa santidade! Como cristãos, temos que buscar a santificação e pregar a santidade, mas a santidade não pode ser uma santidade aparente (farisaica), tem que ser uma santidade prática e verdadeira!
Também não são raros os cristãos que, assim como os fariseus, ostentam grande santidade exterior, pregam e ensinam doutrinas humanas que vão além das Escrituras, e que, assim como os fariseus, em suas vidas não praticam o que pregam, às ocultas cometem toda sorte de pecados e estão com as suas mentes e corações cheios de malícias, pecados, iniqüidades e hipocrisia. Um outro “recado” que Jesus deixou para nós quando ele se referiu aos fariseus é que devemos fugir da hipocrisia religiosa! Temos que ser verdadeiros! Temos que praticar o que pregamos! Não podemos ir além das Escrituras e pregar ou ensinar doutrinas de homens! Temos que pedir o auxílio do Espírito Santo para conseguirmos entender o real sentido das Escrituras, para não deixarmos os nossos dogmas, costumes, tradições, religiosidades, doutrinas e liturgias se sobreporem às Escrituras.
Diz a história (bíblica e secular) que os fariseus não só se separavam dos outros povos (gentios, pagãos) como também se separavam dos próprios israelitas ("escolhidos por Deus"). Hoje em dia não é diferente, pois há cristãos que, assim como os fariseus, se acham mais santos que os outros cristãos que não fazem parte de seu grupo religioso e evitam qualquer tipo de comunhão com os irmãos na fé que fazem parte de outras denominações cristãs.
Outra coisa que chama muito a atenção é o orgulho e a arrogância espiritual dos fariseus. Eles realmente gostavam de invocar todas as atenções para eles mesmos (ao invés de chamarem a atenção para Deus) e de parecerem santos e espiritualmente superiores aos demais religiosos. Os fariseus gostavam de títulos (gostavam de ser chamados de mestres, conforme Mateus 23.7), gostavam de sentar em lugares de destaque nas ceias e sinagogas (Mateus 23.6). A parábola do fariseu e do publicano representa muito bem o orgulho espiritual dos fariseus (Lucas 18.10-14):
“Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: O Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: O Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.”
A soberba espiritual é um sentimento que impede a manifestação da graça de Deus! Nós não somos merecedores ou dignos de nada, Deus nos abençoa e nos justifica por causa de seu infinito amor e graça, por intermédio de seu Filho Jesus! Assim como o publicano, temos que nos humilharmos na presença de Deus!
No livro de Mateus, no capítulo 6, Jesus nos ensinou importantes princípios para que possamos obter as recompensas celestiais. Quando damos esmolas, oramos ou jejuamos com o fim de sermos vistos pelos homens, não recebemos as recompensas celestiais, ou seja, recebemos somente a recompensa terrena (a recompensa terrena é o reconhecimento humano, os elogios, que muitas vezes inflam o ego humano, enchendo a pessoa de orgulho, p.ex.: "Olha como o fulano é um homem bom, olha como o cicrano ora bastante, olha como o beltrano jejua"):
“1 Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus. 2 Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 3 Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; 4 Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente. 5 E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 6 Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. 16 E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 17 Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, 18 Para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.”
Portanto, se você quer receber as recompensas celestiais, não diga para ninguém o quanto você ora, não diga para ninguém o quanto você jejua, não diga para as pessoas que você está fazendo algum sacrifício ou propósito, não dê esmolas ou ajude as pessoas para ser visto ou reconhecido pela Igreja ou pela Sociedade e não seja uma pessoa espiritualmente orgulhosa ou arrogante!
Caso você queira ser grande no reino dos céus, Jesus te dá a dica e te ensina como isto é possível em Mateus 18.1-4:
“Naquela mesma hora chegaram os discípulos ao pé de Jesus, dizendo: Quem é o maior no reino dos céus? E Jesus, chamando um menino, o pôs no meio deles, E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus.”
Muito pouco se prega sobre os erros e os maus exemplos dos fariseus em algumas denominações cristãs (muitas vezes eu fico me perguntando sobre qual seria o motivo de muitas Igrejas Locais não ensinarem sobre os fariseus?!), todavia, conforme visto acima, não se trata de um tema complexo, pois os ensinamentos bíblicos a respeito dos erros e maus exemplos dos fariseus (que nós cristãos temos que evitar) são extremamente claros e fáceis de serem entendidos, ou seja, a Bíblia fala por si mesma!
É muito perigoso ser como os fariseus, pois a Bíblia nos dá este alerta em Mateus 5.20: "Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.", ou seja, não podemos ser como eles (hipócritas, santos só na aparência, legalistas), temos que ser melhor do que eles (verdadeiros, santos de dentro para fora, equilibrados).
Não podemos ser cristãos semelhantes aos fariseus dos tempos de Jesus! Temos que ser puros, verdadeiros, humildes, simples e justos! Devemos pregar, ensinar e praticar o evangelho puro e simples, sem tirar ou acrescentar nada!
Que Deus nos abençoe, nos guie, nos livre de todo mal e também do farisaísmo religioso cristão!
Abraços!
Em diversas passagens bíblicas do Novo Testamento são citadas três figuras religiosas duramente criticadas por Jesus: os Escribas, os Fariseus e os Saduceus.
No meio do povo judeu, os Escribas eram os homens encarregados de fazer cópias dos textos do Antigo Testamento e também de interpretar as Escrituras. Os Escribas também eram conhecidos como Doutores da Lei (Lei de Moisés ou Mosaica).
Os Saduceus faziam parte de um pequeno grupo religioso judaico, sendo que as principais características deles eram que, diferentemente dos Fariseus, os Saduceus não acreditavam na existência de anjos, nem na ressurreição dos mortos e tampouco em espíritos (Mateus 22.23; Atos 23.8). A maioria dos saduceus eram sacerdotes ricos e influentes.
E os Fariseus, quem eram?
Vejamos a conceituação do Dicionário Teológico do Autor Claudionor Corrêa de Andrade (CPAD, 2007, p. 187):
“[Do hb. Pharush; do Gr. Pharisaios; do lat. Pharisaeu] Partidário de uma das principais seitas rabínicas dos tempos de Cristo. Tendo como líderes espirituais os escribas, sublimavam a letra da Lei Mosaica em detrimento do espírito desta. Por causa de seu formalismo e exterioridades, foram energicamente combatidos pelo Senhor Jesus. O fariseu caracterizava-se ainda pela ferrenha oposição aos outros religiosos, fugindo-lhes a qualquer contato. Ao contrário dos saduceus, acreditavam na existência dos anjos, dos espíritos, da ressurreição dos mortos. Alimentavam eles também uma forte expectativa messiânica. Hoje em dia, fariseu tornou-se sinônimo de orgulho e hipocrisia. É a perfeita figura de quem, apesar da santidade que ostenta, leva uma vida dissoluta e ímpia.”
Segundo a Pequena Enciclopédia Bíblica (Instituto Bíblico das Assembléias de Deus, 1985, p. 316), “Chamados fariseus, isso é, separados, porque não somente se separavam dos outros povos, mas também dos outros israelitas”.
Interessante também é a definição encontrada no Wikipédia: “Fariseu (do hebraico פרושים) é o nome dado a um grupo de judeus devotos à Torá, surgidos no século II a.C.. Opositores dos saduceus, criam uma Lei Oral, em conjunto com a Lei escrita, e foram os criadores da instituição da sinagoga. Com a destruição de Jerusalém em 70 d.C. e a queda do poder dos saduceus, cresceu sua influência dentro da comunidade judaica e se tornaram os precursores do judaísmo rabínico. A palavra Fariseu tem o significado de "separados", " a verdadeira comunidade de Israel", "santos". Sua oposição ferrenha ao Cristianismo rendeu-lhes através dos tempos uma figura de fanáticos e hipócritas que apenas manipulam as leis para seu interesse. Esse comportamento deu origem à ofensa "fariseu", comumente dado às pessoas dentro e fora do Cristianismo, que são julgados como religiosos aparentes.” (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Fariseus>, Acesso em julho de 2011).
Alguns poucos fariseus não eram ruins, como Nicodemos e Gamaliel, todavia, vamos falar agora sobre alguns dos erros cometidos pela maioria dos Fariseus:
Os fariseus não eram espirituais, eram carnais, não tinham discernimento espiritual, e, por isto, blasfemaram contra o Espírito Santo dizendo que Jesus expulsou demônios pelo príncipe dos demônios (Mateus 9.34, Mateus 12.24, Lucas 11.15);
Os fariseus foram os maiores responsáveis pela morte de Jesus Cristo, pois não creram nEle, não aceitaram Jesus como o Messias (Mateus 12.14, 21.46, 27.41,62; Marcos 3.6; João 7.32, 11.47,57, 18.3);
A Bíblia também relata que os fariseus eram avarentos (Lucas 16.14);
João Batista chamou os fariseus de raça de víboras (Mateus 3.7), assim como Jesus também os chamou desta forma (Mateus 23.33);
Os fariseus achavam-se mais sábios e inteligentes do que Jesus, e, assim sendo, tentaram apanhá-lo em alguma palavra, mas não lograram êxito (Mateus 22.15,34);
Os fariseus observavam o sábado de maneira tão minuciosa que este dia, em vez de descanso, se tornou um fardo (Lucas 13.10-17, Mateus 12.1-14);
Os fariseus iam além do que prescrevia a Lei Mosaica, dando ênfase à tradição (lei oral, doutrinas de homens), ensinando que era necessário se lavar antes de comer, assim como prescreviam a minuciosa lavagem das mãos, pratos, copos, jarros, etc (Marcos 7.3,4);
Além de terem criticado Jesus por ele ter operado milagres no sábado e pelo fato de Jesus não ter ensinado aos discípulos as tradições dos anciões (lei oral), os fariseus também criticaram Jesus pelo fato d’ele ter comido com publicanos e pecadores (Mateus 9.11).
Os fariseus eram incrédulos e pediram de Jesus um sinal, sendo que Jesus se negou a fazê-lo (Mateus 8.11, 12.38, 16.1).
Apesar das provas estupendas que Jesus deu de seu Ministério, os fariseus preferiram a tradição e rejeitaram a salvação ofertada por Jesus (Mateus 15.2-6, Marcos 7.3-13, Colossenses 2.8).
Além destes citados erros cometidos pela maioria dos fariseus, o que mais chamava a atenção neles era o fato de eles terem sido hipócritas e religiosamente orgulhosos e arrogantes.
Vejamos o que diz as Sagradas Escrituras sobre os fariseus, no Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos, no capítulo 7, versículos 1 ao 9:
“E ajuntaram-se a ele os fariseus, e alguns dos escribas que tinham vindo de Jerusalém. E, vendo que alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar, os repreendiam. Porque os fariseus, e todos os judeus, conservando a tradição dos antigos, não comem sem lavar as mãos muitas vezes; E, quando voltam do mercado, se não se lavarem, não comem. E muitas outras coisas há que receberam para observar, como lavar os copos, e os jarros, e os vasos de metal e as camas. Depois perguntaram-lhe os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos por lavar? E ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, Mas o seu coração está longe de mim; Em vão, porém, me honram, Ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição.” Sem negrito no original.
Infelizmente não são poucos os cristãos que são verdadeiros “cristãos fariseus”, que deixam a Bíblia em segundo plano para enfatizarem suas próprias tradições, costumes e ensinamentos humanos, sendo que muitas vezes chegam a invalidar a doutrina bíblica (que é a sã doutrina) para implantarem doutrinas humanas, culminando em legalismo cristão, religiosidade, pseudo-santidade e até em modismos.
Alguns cristãos dizem que é bom ter algumas regras a mais (além da bíblia, ou seja, doutrinas e ordenanças de homens) para que o povo se santifique mais e seja menos mundano, todavia, em Colossenses, capítulo 2, versículos 20 ao 23 está escrito que os ensinamentos e as ordenanças de homens em nada se aproveitam:
“Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne.” (sem negrito no original).
Esta satisfação da carne citada acima geralmente é promovida por meio do orgulho espiritual (p. ex.: “Olha para mim, olha como eu sou mais santo do que aquele”).
Vamos estudar mais um pouquinho sobre os fariseus. Na Bíblia há também outra famosa passagem bíblica sobre os fariseus que se encontra no livro de Mateus, no capítulo 23, do versículo 1 ao 7, que diz:
“Então falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos, Dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los; E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes, E amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas, E as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi.” (sem negrito no original).
No citado capítulo de Mateus (23), ainda está escrito sobre os fariseus:
“13 Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando. (...) 23 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. 24 Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo. 25 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniqüidade. 26 Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo. 27 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia. 28 Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade. 33 Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?”
Os fariseus, para parecerem santos, separados, usavam roupas e adornos característicos, ou seja, eles usavam vestimentas diferentes das vestimentas do seu próprio povo (aumentavam as franjas dos vestidos e usavam largos filactérios), de forma que podiam ser reconhecidos de longe pela aparência, conforme Mateus 23.5. Hoje em dia também não são raros os cristãos que, assim como os fariseus, tentam ser reconhecidos unicamente por uma aparência diferenciada, quando na verdade deveriam ser reconhecidos pelo caráter cristão e pelas boas obras. Um dos ensinamentos que Jesus deixou para nós quando ele estava se referindo aos fariseus é que devemos fugir da falsa santidade! Como cristãos, temos que buscar a santificação e pregar a santidade, mas a santidade não pode ser uma santidade aparente (farisaica), tem que ser uma santidade prática e verdadeira!
Também não são raros os cristãos que, assim como os fariseus, ostentam grande santidade exterior, pregam e ensinam doutrinas humanas que vão além das Escrituras, e que, assim como os fariseus, em suas vidas não praticam o que pregam, às ocultas cometem toda sorte de pecados e estão com as suas mentes e corações cheios de malícias, pecados, iniqüidades e hipocrisia. Um outro “recado” que Jesus deixou para nós quando ele se referiu aos fariseus é que devemos fugir da hipocrisia religiosa! Temos que ser verdadeiros! Temos que praticar o que pregamos! Não podemos ir além das Escrituras e pregar ou ensinar doutrinas de homens! Temos que pedir o auxílio do Espírito Santo para conseguirmos entender o real sentido das Escrituras, para não deixarmos os nossos dogmas, costumes, tradições, religiosidades, doutrinas e liturgias se sobreporem às Escrituras.
Diz a história (bíblica e secular) que os fariseus não só se separavam dos outros povos (gentios, pagãos) como também se separavam dos próprios israelitas ("escolhidos por Deus"). Hoje em dia não é diferente, pois há cristãos que, assim como os fariseus, se acham mais santos que os outros cristãos que não fazem parte de seu grupo religioso e evitam qualquer tipo de comunhão com os irmãos na fé que fazem parte de outras denominações cristãs.
Outra coisa que chama muito a atenção é o orgulho e a arrogância espiritual dos fariseus. Eles realmente gostavam de invocar todas as atenções para eles mesmos (ao invés de chamarem a atenção para Deus) e de parecerem santos e espiritualmente superiores aos demais religiosos. Os fariseus gostavam de títulos (gostavam de ser chamados de mestres, conforme Mateus 23.7), gostavam de sentar em lugares de destaque nas ceias e sinagogas (Mateus 23.6). A parábola do fariseu e do publicano representa muito bem o orgulho espiritual dos fariseus (Lucas 18.10-14):
“Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: O Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: O Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.”
A soberba espiritual é um sentimento que impede a manifestação da graça de Deus! Nós não somos merecedores ou dignos de nada, Deus nos abençoa e nos justifica por causa de seu infinito amor e graça, por intermédio de seu Filho Jesus! Assim como o publicano, temos que nos humilharmos na presença de Deus!
No livro de Mateus, no capítulo 6, Jesus nos ensinou importantes princípios para que possamos obter as recompensas celestiais. Quando damos esmolas, oramos ou jejuamos com o fim de sermos vistos pelos homens, não recebemos as recompensas celestiais, ou seja, recebemos somente a recompensa terrena (a recompensa terrena é o reconhecimento humano, os elogios, que muitas vezes inflam o ego humano, enchendo a pessoa de orgulho, p.ex.: "Olha como o fulano é um homem bom, olha como o cicrano ora bastante, olha como o beltrano jejua"):
“1 Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus. 2 Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 3 Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; 4 Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente. 5 E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 6 Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. 16 E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 17 Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, 18 Para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.”
Portanto, se você quer receber as recompensas celestiais, não diga para ninguém o quanto você ora, não diga para ninguém o quanto você jejua, não diga para as pessoas que você está fazendo algum sacrifício ou propósito, não dê esmolas ou ajude as pessoas para ser visto ou reconhecido pela Igreja ou pela Sociedade e não seja uma pessoa espiritualmente orgulhosa ou arrogante!
Caso você queira ser grande no reino dos céus, Jesus te dá a dica e te ensina como isto é possível em Mateus 18.1-4:
“Naquela mesma hora chegaram os discípulos ao pé de Jesus, dizendo: Quem é o maior no reino dos céus? E Jesus, chamando um menino, o pôs no meio deles, E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus.”
Muito pouco se prega sobre os erros e os maus exemplos dos fariseus em algumas denominações cristãs (muitas vezes eu fico me perguntando sobre qual seria o motivo de muitas Igrejas Locais não ensinarem sobre os fariseus?!), todavia, conforme visto acima, não se trata de um tema complexo, pois os ensinamentos bíblicos a respeito dos erros e maus exemplos dos fariseus (que nós cristãos temos que evitar) são extremamente claros e fáceis de serem entendidos, ou seja, a Bíblia fala por si mesma!
É muito perigoso ser como os fariseus, pois a Bíblia nos dá este alerta em Mateus 5.20: "Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.", ou seja, não podemos ser como eles (hipócritas, santos só na aparência, legalistas), temos que ser melhor do que eles (verdadeiros, santos de dentro para fora, equilibrados).
Não podemos ser cristãos semelhantes aos fariseus dos tempos de Jesus! Temos que ser puros, verdadeiros, humildes, simples e justos! Devemos pregar, ensinar e praticar o evangelho puro e simples, sem tirar ou acrescentar nada!
Que Deus nos abençoe, nos guie, nos livre de todo mal e também do farisaísmo religioso cristão!
Abraços!