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sábado, 28 de abril de 2012

O uso de calça comprida, bermuda, jóias, maquiagens, barba e corte de cabelo (usos e costumes)!

Graça e Paz de Cristo!

Já escrevi, neste blog, acerca de vários temas bíblicos que geralmente são mencionados quando se fala a respeito do uso de vestimentas, adornos, etc (usos e costumes).  Nesta postagem tratarei especificamente acerca do uso de calça comprida, bermuda, jóias, maquiagens (pinturas, para alguns), barba e corte de cabelo (pelos cristãos), numa interpretação bíblica, equilibrada e contextualizada! Para acessar as outras postagens  (tolerância cristã, doutrina x costumes, vaidade,  mundo e mundanismo, Jezabel, a porta e o caminho estreitos, luz do mundo, farisaísmo, legalismo cristão, interpretação da bíblia, etc.), vá em arquivos ou nos marcadores (no lado esquerdo da tela) e sinta-se em casa. 

Não desejo, com os textos que escrevo, criticar esta ou aquela denominação cristã e tampouco desejo criticar a opinião de alguns amados irmãos em Cristo que possuem opiniões divergentes das minhas. Eu respeito a opinião e o chamado de cada um. O Apóstolo Paulo, quando escreveu aos Romanos, deu uma verdadeira aula a respeito da tolerância cristã no capítulo 14!  A maioria das divisões e discussões seriam evitadas se o capítulo 14 da Epístola de Paulo aos Romanos fosse levado a sério!

Sei que este assunto incomoda muita gente e que esta temática já gerou muitas polêmicas e divisões  no meio do povo de Deus, tudo isto por falta da bendita tolerância prescrita em Romanos 14! Não estou, com estes textos, julgando ou desprezando quem pensa de forma diferente. Todavia, é importante que este tema seja analisado biblicamente, temperado com muito temor a Deus, amor às almas e à verdade!

Quero esclarecer, antes de tudo, que não sou a favor de libertinagens e tampouco sou a favor do uso indiscriminado de qualquer tipo de vestimenta e adornos! Não! Eu me posiciono contra a imoralidade, a sensualidade e a indecência!  Sou a favor da santidade, da decência e da ordem! Sou a favor de um cristianismo equilibrado, sem legalismos, sem libertinagens e sem escândalos! Sou a favor da manutenção dos bons costumes, todavia, penso que costume deve ser ensinado como costume (ou como uma questão de identidade da denominação) e doutrina bíblica deve ser ensinada como tal, de acordo com a bíblia corretamente interpretada. 

Gostaria de ressaltar ainda que sou contra a desobediência, pois a obediência é algo muito importante no Reino de Deus (entendo que a desobediência à liderança só é plausível quando ela te "obrigar" a fazer algo claramente anti-bíblico - exemplo: um  Líder  que "obriga" os seus liderados a praticarem algum tipo de idolatria). Se você congrega em uma denominação que prega e mantém certos usos e costumes, é melhor você obedecer, pois a bíblia condena veementemente a desobediência e ordena a obediência aos líderes religiosos,  às autoridades e aos pais (1 Sm 15.22,23;  Hb 13.17; 1 Jo 5.3, Rm 6.17, Mt 16.19). Lúcifer foi um rebelde, um desobediente. A desobediência e a rebeldia despertam um sentimento desagradável em Deus, pois fazem Deus se lembrar de Lúcifer! Se você não concorda com as normas internas e os costumes da denominação que você congrega, não fique discutindo, causando divisões ou desobedecendo, pois, neste caso, você será uma pedra de tropeço, irá atrapalhar, não irá frutificar e estará pecando (numa situação destas é muito melhor você obedecer e não discutir ou então pedir a benção do teu pastor e ir para outra denominação que tenha uma visão bíblica idêntica a tua).

O que escrevi logo abaixo reflete um resumo do meu estudo bíblico sobre o uso de algumas vestimentas e adornos! Ore, pedindo a ajuda do Espírito Santo, e, com a ajuda do Espírito Santo, analise e reflita sobre o que a Bíblia diz a respeito destes assuntos!

O USO DE CALÇA COMPRIDA

Alguns cristãos usam a seguinte passagem bíblica para afirmarem que as mulheres cristãs brasileiras não podem usar calça comprida:

Não haverá traje de homem na mulher, e nem vestirá o homem roupa de mulher; porque, qualquer que faz isto, abominação é ao SENHOR teu Deus.” (Deuteronômio 22.5)

Primeiramente, cumpre ressaltar que a ordenança acima se acha inserida dentro da Lei de Moisés, ou seja, é uma das 613 ordenanças que Deus deu a Moisés (Torá, Lei) para que fosse aplicada ao Povo Judeu  (Se quiser cumprir a Lei, cumpra ela inteira, pois se errar em um só ponto, será culpado dela inteira: Paráfrase de Tiago 2.10). Nós, gentios, não estamos sujeitos à Lei de Moisés, pois fomos alcançados e somos salvos unicamente pela Graça. Cumpre ressaltar que a Graça de Deus (favor de Deus, imerecido para os homens) sempre existiu, sendo que inclusive há diversas manifestações da Graça no Velho Testamento, todavia, no Velho Testamento a Graça não estava disponível a todos e não era um modelo universal de salvação, entretanto, após o sacrifício vicário de Jesus  abriram-se os portais eternos para uma nova aliança do homem com Deus, um novo tempo, uma nova era de comunhão entre Deus e o homem, a era da dispensação da graça, que é a era que nós estamos vivendo (Efésios 2.8; Romanos 6.23; Atos 15.19,20; Gálatas 2.1-21; Gálatas 5.1-6; João 8.32, 36;  Colossenses 2.20-23, Gálatas 3.11).

Não obstante, entendo que o citado versículo (Deut. 22.5) contém um importante princípio bíblico, que é válido para nós, que é o princípio do “não travestismo”, da “diferença entre os sexos” (com fundamento também no Novo Testamento).  Tanto no Tempo da Lei (Levítico 18:22,23; Levítico 20.13) como no atual Tempo da Graça (Rm 1.24-32; 1 Co 6.9 – 11; 1 Tm 1.8 – 11; 1 Tm 2.13) a Bíblia condena o travestismo, a homossexualidade  e os pecados desta natureza (versículos citados). Antes mesmo da existência da Lei de Moisés, Deus já tinha destruído Sodoma e Gomorra por causa dos pecados sexuais daquele povo (Gênesis 18.17-33; Gênesis capítulo 19). Deus sempre abominou o travestismo, a homossexualidade, a bi-sexualidade, a trans-sexualidade, assim como sempre abominou os pecados sexuais praticados por heterossexuais (adultério, fornicação, lascívia, bestialidade, incesto, impurezas, pornografias, etc).

Vejamos o comentário da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal (Casa Publicadora das Assembléias de Deus – CPAD, 1995, p. 258) a respeito de Deuteronômio 22.5:

“Essa norma foi decretada a fim de que homens e mulheres não invertessem sua sexualidade, ou seja, não adotassem práticas homossexuais. (...)”

O que o versículo 5 de Deuteronômio capítulo 22 quer dizer é que o homem não deve se vestir e se comportar como uma mulher, assim como a mulher não deve se vestir e se comportar como um homem, princípio este que nos é aplicável, pois tem concordância no Novo Testamento.

Percebe-se, no entanto, que em nenhum momento a Bíblia utiliza as palavras “calça comprida”, “saia” ou “vestido”, pois os homens e as mulheres de Israel usavam vestes parecidas, ou seja, as diferenças entre a roupa masculina e a feminina (vestidos, capa, casaco, vestes) usadas na época eram mínimas (aparentemente, os homens usavam vestes na altura dos joelhos e as mulheres usavam vestes um pouco mais compridas).

A questão do uso da calça comprida para mulher é algo que depende da cultura e do costume local, e, conforme já foi visto, o costume e a cultura variam no tempo e no espaço. Se em determinado país, pelos costumes locais somente os homens usam calça comprida, eu aconselharia as mulheres cristãs daquele país a não usarem calça comprida, pois elas estariam se vestindo e se comportando como os homens e, de acordo com o costume daquele local, elas poderiam ser taxadas de travestis ou de homossexuais e estariam causando escândalos e possivelmente seriam desonradas (por causa do costume daquele local), o que desagradaria a Deus (Rm 14.15.21).

No Brasil, no entanto, de acordo com os nossos costumes atuais, homens e mulheres podem usar calças compridas. Frise-se que, no Brasil, as calças masculinas são diferentes das calças femininas (tecido, corte, zíper, cor, etc.) e, de acordo com o nosso costume atual, nenhuma mulher é vista como uma “travesti” ou como uma “homossexual” e tampouco é desonrada ou causa escândalos pelo simples fato de estar vestindo uma calça comprida decente.

Portanto, de acordo com a Bíblia e com os nossos costumes, não há nada de errado ou de pecaminoso no fato de uma mulher usar uma calça comprida descente (não transparente, não muito justa, não sensual). Frise-se ainda que uma boa calça comprida geralmente é muito mais decente e menos sensual do que certos vestidos e saias. A calça comprida também protege mais o pudor feminino em certas situações como no andar de bicicleta, no andar de motocicleta, no trabalho, num eventual acidente etc..


O USO DA BERMUDA

Não há nenhum versículo bíblico que proíba o uso da bermuda. 

Alguns cristãos brasileiros afirmam que homens não podem usar bermuda.  Estes mesmos que proíbem o uso da bermuda dizem que as mulheres podem usar saias ou vestidos na altura do joelho. Ora, se as mulheres podem usar saias na altura do joelho, os homens também podem usar calças cortadas na altura do joelho (chamadas de bermuda).

De acordo com o costume brasileiro e com a Bíblia, não há nada que obste o homem cristão a usar uma decente bermuda masculina (não há nenhuma nudez ou sensualidade numa bermuda descente).  Assim como os homens, as mulheres também podem usar bermudas femininas descentes, pois temos liberdade em Cristo (Gálatas 5.1; 1 Co 7.23; Col. 2.20-23).


O USO DE JÓIAS E ENFEITES

A palavra de Deus não proíbe o uso de jóias. Alguns, no entanto, interpretam a palavra de Deus erroneamente.

Muitas vezes a palavra vaidade é utilizada indevidamente para se proibir o uso de jóias. Vaidade significa vão, inútil, sem duração, fútil, sem valor. A Bíblia nos ensina, em Eclesiastes 1.2, que tudo é vaidade. A beleza, a riqueza, a inteligência, o carro novo, a casa nova, a roupa nova, as jóias, tudo passa, tudo se vai, nada desta terra é eterno, tudo é vaidade!  Na bíblia, a palavra vaidade não é associada diretamente ao uso de jóias ou ao embelezamento (o conceito bíblico da palavra vaidade é diferente do conceito que a sociedade brasileira atribui à palavra vaidade).

 A aliança de noivado ou de casamento que usamos no dedo é uma joia, os prendedores de gravatas, as abotoaduras e os prendedores de cabelo também são jóias (ou semi-jóias ou bijuterias), assim sendo, alguns são hipócritas ao proibirem o uso de jóias, pois muitas vezes eles mesmos usam jóias.

Vamos analisar alguns versículos bíblicos usados incorretamente para se proibir o uso de jóias:

Gênesis 35.2-4:
“Então disse Jacó à sua família, e a todos os que com ele estavam: Tirai os deuses estranhos, que há no meio de vós, e purificai-vos, e mudai as vossas vestes. E levantemo-nos, e subamos a Betel; e ali farei um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angústia, e que foi comigo no caminho que tenho andado. Então deram a Jacó todos os deuses estranhos, que tinham em suas mãos, e as arrecadas que estavam em suas orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a Siquém.”

Vale à pena citar o claro comentário da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal (Casa Publicadora as Assembleias de Deus, 1995, p. 60) a respeito de Gênesis 35.4:

“Nos dias de Jacó, os brincos eram usados como amuletos para dar boa sorte e afastar o mal. A família de Jacó precisava livrar-se de todas as influências pagãs, incluindo as lembranças de deuses pagãos”. Esta interpretação condiz com o contexto (com o versículo 2 de  Gênesis 35).

Em outras palavras, o que Deus estava dizendo em Gênesis 35.4, de acordo com a nossa linguagem atual, é: Tira este trevo de quatro folhas de dentro da bolsa, tira esta pata de coelho do chaveiro, tira este ferradura pendurada na parede, tira esta nota de um dólar de dentro da carteira, ou seja, a nossa sorte é Deus, nós somos guiados por Ele e não precisamos de nenhum amuleto, de ídolos e nem de outros deuses.

Outro argumento (bastante falho) utilizado por alguns, é que o bezerro de ouro nasceu das jóias, e que, se o povo de Israel não tivesse jóias, o bezerro de ouro não teria sido construído (Êxodo 32.2-4). Ora, muitos daqueles judeus que saíram do Egito eram teimosos, desobedientes e idólatras, sendo que, se eles não tivessem ouro, iriam arrumar outro material para fazerem o bezerro (de madeira, de barro, etc.). Sim, as jóias foram utilizadas para fazer um bezerro de ouro (objeto de idolatria), mas as jóias também tiveram destinações corretas e foram utilizadas para a construção do Tabernáculo (Êxodo 36.34-38),  para a fabricação dos utensílios do culto e da própria arca do conserto (Êxodo 25.11-13) e como oferta ao Senhor (Números 31.50).  Nossas posses podem ter destinações malignas ou corretas, dependendo das inclinações dos nossos corações.

Outro versículo utilizado por alguns para proibirem o uso de Jóias é Isaias 53, que fala das filhas de Sião:

Isaías 3:16-24:
“Diz ainda mais o SENHOR: Porquanto as filhas de Sião se exaltam, e andam com o pescoço erguido, lançando olhares impudentes; e quando andam, caminham afetadamente, fazendo um tilintar com os seus pés; Portanto o Senhor fará tinhoso o alto da cabeça das filhas de Sião, e o SENHOR porá a descoberto a sua nudez,  Naquele dia tirará o Senhor os ornamentos dos pés, e as toucas, e adornos em forma de lua, Os pendentes, e os braceletes, as estolas, Os gorros, e os ornamentos das pernas, e os cintos e as caixinhas de perfumes, e os brincos,  Os anéis, e as jóias do nariz, Os vestidos de festa, e os mantos, e os xales, e as bolsas. Os espelhos, e o linho finíssimo, e os turbantes, e os véus.  E será que em lugar de perfume haverá mau cheiro; e por cinto uma corda; e em lugar de encrespadura de cabelos, calvície; e em lugar de veste luxuosa, pano de saco; e queimadura em lugar de formosura.”

Nesta passagem bíblica observa-se claramente que não há uma proibição quanto ao uso de jóias, tanto que, se as jóias fossem proibidas, os cintos, os perfumes, os gorros, os vestidos de festa e os espelhos, citados nos versículos acima, também deveriam ser proibidos pelos pregadores que usam esta passagem para tentar proibir o uso de joias.  Aqueles que interpretam esta passagem bíblica erroneamente geralmente só utilizam os versículos que lhes convém, se esquecendo do contexto! Por que aqueles que utilizam esta passagem para proibir o uso de jóias não andam de corda, de pano de saco e com cheiro ruim? Por que não jogam fora todos os espelhos que possuem em suas residências e automóveis?

Numa leitura contextualizada, se percebe que o pecado das filhas de Sião foi o andar emproado, a soberba e a altivez. Deus abomina a soberba e a altivez (Provérbios 16.18, 1 Pedro 5.5).  Deus tirou tudo que elas tinham como uma forma de punição, por conseqüência do orgulho e da altivez delas.

A Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal (CPAD, 1995, p. 899) nos dá uma importante lição acerca desta passagem bíblica (Isaias 3.16-26):

“As mulheres de Judá dedicavam maior ênfase ao vestuário e às jóias que ao Senhor. Vestiam-se para chamar a atenção, para receber elogios e estar na moda. Esqueciam-se, portanto, do verdadeiro propósito de suas vidas, e não se preocupavam com toda a opressão à sua volta (3.14,15). Eram egoístas e serviam somente a si próprias. Aqueles que abusam de suas posses terminarão sem nada. Estes versículos não devem ser interpretados como uma acusação contra o vestuário e as jóias, mas como um castigo àqueles que os usam de forma perdulária e mantém-se indiferentes às necessidades dos semelhantes. Quando Deus nos abençoa com dinheiro ou posição, não devemos fazer alarde, mas usar o que temos para ajudar aos outros, em lugar de impressioná-los.” (Grifo nosso).

A pessoa pode ser rica, ter jóias, uma bela casa, um belo automóvel, uma ótima profissão, e não ser altiva, não ser soberba. Há pessoas, no entanto, que ao comprarem um simples carro usado, uma simples casa ou até mesmo uma joia, ficam soberbas e cheias de si. Deus, no entanto, abomina a soberba e o orgulho.  Deus deve ser prioridade em nossas vidas, nada nem ninguém pode tomar o lugar dEle em nossos corações. Temos que usar tudo o que temos e tudo o que somos de acordo com os propósitos de Deus.

Outra passagem bíblica, agora do Novo Testamento, que alguns utilizam para proibir o uso de jóias, é 1 Pedro 3.3. Vejamos o que diz 1 Pedro 3.3-5:

“O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura dos vestidos; Mas o homem encoberto no coração; no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus.  Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus próprios maridos;”

Linguisticamente e teologicamente falando, de modo nenhum este versículo está proibindo o uso de jóias. Se este versículo estivesse proibindo o uso de jóias, também estaria proibindo o uso de vestidos bonitos e os penteados. De acordo com o contexto, esta passagem bíblica está tratando do comportamento das esposas e dos maridos cristãos. O versículo 1 diz que, pelo procedimento da esposa cristã, o marido não cristão é ganho (ao evangelho) sem palavra. Assim sendo, o Ap. Pedro continua ensinando nos versículos adiante que o maior enfeite da esposa (para ela ganhar o marido) deve ser o interior, o caráter cristão, o  amor.

Em 1 Pedro 3.3-5 o Ap. Pedro ensina, numa linguagem de contraste, que o interior (o caráter cristão, baseado no amor, na mansidão, na quietude) é mais importante que o exterior (aparência, beleza), ou seja, devemos nos preocupar mais com a nossa beleza interior do que com a nossa beleza exterior, princípio este que vale para mulheres e para homens.

Esta mesma linguagem de contraste é utilizada em João 6.27, que diz:

“Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou.”

Neste versículo (João 6.27) Jesus não nos está proibindo de trabalharmos pelo pão de cada dia, Jesus está dizendo que o mais importante é a nossa salvação e a salvação das pessoas em nossa volta (“Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?” - Marcos 8.36). O Reino de Deus é eterno e mais importante que as coisas materiais e terrenas, que são passageiras.

Algumas versões da Bíblia tornaram a passagem de 1 Pedro 3.3-5 um pouco mais fácil de ser entendida:

“A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores, como cabelos trançados e jóias de ouro ou roupas finas. Pelo contrário, esteja no ser interior, que não perece, beleza demonstrada num espírito dócil e tranqüilo, o que é de grande valor para Deus. Pois era assim que também costumavam adornar-se as santas mulheres do passado, que colocavam a sua esperança em Deus. Elas se sujeitavam a seus maridos,” (1 Pedro 3:3-5 – Nova Versão Internacional)

“Não se preocupem com a beleza exterior que depende de jóias, ou de roupas bonitas, ou de penteados. Sejam belas interiormente, em seus corações, com o encanto duradouro de um espírito amável e manso, que é tão precioso para Deus. Esse tipo de beleza interior foi o que se viu nas santas mulheres do passado, as quais confiavam em Deus e se acomodavam aos planos dos maridos” (1 Pedro 3.3-5 - Novo Testamento Vivo)

A Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal (CPAD, 1995, p. 1768), faz o seguinte comentário acerca de 1 Pedro 3.3:

“Não devemos ser obcecados pela moda, contudo não devemos ser tão desinteressados a ponto de não cuidarmos de nós mesmos. Higiene, limpeza e elegância são importantes, porém ainda mais importante é a atitude e o espírito interior de uma pessoa. A verdadeira beleza começa interiormente”.

Outra passagem bíblica que alguns utilizam incorretamente para proibir o uso de jóias é a de 1 Timóteo 2.9,10, que diz:

“Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos,  Mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras.”

Cumpre destacar inicialmente que na primeira parte do versículo 9 o Ap. Paulo estabeleceu um importante princípio cristão quando disse: “as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia” – R.C. (em outra versão – R.A. - está escrito: “as mulheres, as trajes decentes, se ataviem com modéstia e bom senso”). Eis aqui os requisitos bíblicos que devem nortear o comportamento das mulheres cristãs na que tange às vestimentas e adornos: decência, bom senso, honestidade, modéstia, discrição e pudor (como um princípio bíblico, estes requisitos bíblicos são aplicáveis aos homens cristãos também).

No que tange à segunda parte do versículo 9 e versículo 10, de 1 Timóteo cap. 2 (“não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, Mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras.”), deve ser destacado que, linguisticamente e teologicamente falando, também não há, nesta passagem, uma proibição bíblica quanto ao uso de jóias, de vestidos caros ou de penteados pelas mulheres cristãs. Assim como em 1 Pedro 3.3 e João 6.27 (já citados), em 1 Timóteo 2.9 e 10 há também uma linguagem de contraste. O Ap. Paulo nos ensina, em 1 Timóteo 2.9 e 10, que as boas obras (em concordância com Mateus 5.16; Tiago 2.26) são mais importantes que a aparência e o exterior (João 13.35, João 7.24).

Em 1 Timóteo 2.9 e 10, o Ap. Paulo, além de estabelecer alguns princípios quanto às vestimentas e adornos, também nos ensina que não devemos nos preocupar e gastar nosso dinheiro excessivamente com a aparência (Ex.: comprando jóias caras, roupas caras, fazendo cirurgias plásticas desnecessárias, frequentando salões de beleza ou centros de estética dispendiosos, comprando automóveis caros, etc.), pois o cristão de verdade doa boa parte do seu tempo e daquilo que possui em favor dos irmãos na fé, da obra de Deus e dos necessitados. Um cristão não pode ser uma pessoa voltada para si mesma, egoísta. Uma vida cristã sem ajuda ao próximo e sem boas obras não é vida cristã, pois a fé sem obras é morta (Tiago 2.26). O verdadeiro cristão é um imitador de Cristo, tem o caráter de cristo, a mente de Cristo, e, assim como Cristo, o cristão é luz do mundo e pratica boas obras (Mateus 5.14-16) e, por onde passa, o cristão faz a diferença com as suas atitudes. Temos que chamar a atenção pela lisura do nosso caráter cristão, e não pela nossa aparência!

Algumas versões da Bíblia tornam esta passagem bíblica (de 1 Timóteo 2.9 e 10) muito fácil de ser entendida:

“E as mulheres sejam do mesmo modo, calmas e sensatas nas atitudes e na maneira de vestir. As mulheres cristãs devem ser notadas por sua bondade e virtude, e não pela maneira  como arrumam o cabelo ou por causa das jóias ou roupas extravagantes”. (Novo Testamento Vivo).

Ainda a respeito de 1 Timóteo 2.9, a Bíblia de Estudo de Genebra (1999, ECC, SBB, p. 1443) nos explica na nota de rodapé:

“Paulo não se preocupa com vestimenta  ou jóias como tais , mas com a atitude da pessoa que as usa (1 Pe 3.3-4) (...)”.

Vejamos alguns outros comentários acerca de 1 Timóteo 2.9 em outras Bíblias de Estudo:

“Mulheres em traje decente. Cf  1Pe 3.3-4. Traje (gr katastole). Provavelmente se refere ao comportamento em geral e não somente às vestes. Decente (gr kosmios). Tem o efeito de ‘em ordem’. A idéia dominante da frase inteira é de bom gosto, sensibilidade e simplicidade, em contraste com os excessos e a falsidade”. (Bíblia Vida Nova, Dr. Russel P. Shedd, vida Nova, 1980, p. 249 do Novo Testamento)

“Aparentemente, algumas mulheres cristãs estavam tentando conquistar respeito procurando parecer bonitas, em vez de se adequarem ao caráter de Cristo. Talvez algumas mulheres tivessem pensado que podiam atrair seus maridos incrédulos para Cristo através de sua aparência (ver o conselho de Pedro a tais mulheres em 1 Pedro 3.1-6).  O fato de uma mulher querer ser atraente não está em desacordo com as Escrituras. A beleza, porém, começa no interior de uma pessoa. Um caráter manso, modesto e amoroso ilumina a face de uma maneira que não pode ser reproduzida pelos melhores cosméticos e jóias do mundo. Um exterior cuidadosamente bem tratado e elegante será artificial e frio, a menos que a beleza interior esteja presente.” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD, 1995, p. 1703).

Sabendo-se que foi o Apóstolo Paulo quem escreveu esta passagem bíblica analisada (1 Timóteo 2.9 e 10), uma interpretação proibitiva quanto ao uso de jóias, roupas bonitas e penteados entraria em choque com as próprias palavras do Ap. Paulo aos Colossenses e aos Gálatas:

“Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne.” (Colossenses 2:20-23)

“Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.” (Gálatas 5:1)

Deus nunca proibiu o uso de jóias. No Velho Testamento, o servo de Abraão,  quando foi procurar uma esposa para Isaque e encontrou Rebeca, deu a ela jóias de ouro e de prata (pendentes, pulseiras), o que em nenhum momento foi criticado por Deus (ver Gênesis Capítulo 24, especialmente os versículos 22, 30, 47 e 53 e contextos).

Em Cânticos 1.10, está escrito:

“Formosas são as tuas faces entre os teus enfeites, o teu pescoço com os colares”

Em Ct. 1.10 e em seu contexto não há nenhuma crítica ou proibição quanto ao uso de jóias.

Se o simples uso de jóias fosse pecado, Deus jamais aceitaria as ofertas de “pecados” (de jóias) ou jamais aceitaria usar “pecado” (jóias) na construção da Tenda da Congregação (ver Êxodo 35.21, 22 e 29; Números 31. 50-54).

Se jóias, ouros e pedras preciosas fossem objetos pecaminosos por si sós, no céu  jamais poderia ter ouro, pedras preciosas, coroa, etc (conforme detalhado no Livro de Apocalipse).

Deus não está interessado em saber se você possui jóias, Deus está interessado em saber o que você vai fazer com elas (vai usá-las para simplesmente ficar mais bela para seu esposo? é benção! vai usá-las para ofertá-las quando Deus te pedir? é benção! vai usá-las com a intenção de ficar sensual e para se prostituir? é maldição! Vai usá-las para fazer um "bezerro de ouro"? É maldição!)! Deus não está interessado na tua conta bancária,  Deus está interessado em saber o que você vai fazer com  ela (vai usar para ajudar a obra de Deus? é benção! vai usar para ajudar o próximo? é benção! vai usar para se prostituir? é maldição! vai usar para se sentir poderoso e auto-suficiente? é maldição!)! Deus não está interessado em saber o tipo ou a quantidade de automóveis que você tem, Deus está interessado em saber o que você vai fazer com ele (vai utilizá-lo para trabalhar? é benção! vai utilizá-lo para ir à Igreja? é benção! vai utilizá-lo para dar carona para as pessoas? é benção! vai utilizá-lo para ir a um prostíbulo? é maldição! vai utilizá-lo para se sentir poderoso e superior? é maldição!). Deus quer que tudo o que temos (bens materiais e imateriais, como a inteligência) sejas utilizados para o bem e para a Glória de Deus!  Deus deve ser a nossa prioridade!

Portanto, de acordo com a palavra de Deus interpretada de uma forma contextualizada e linguisticamente correta, o simples uso de jóias não é pecado.


O USO DE MAQUIAGENS E PINTURAS

Alguns legalistas afirmar que as mulheres cristãs não devem usar maquiagens ou pinturas, ou seja, não devem se embelezar, todavia, a Palavra de Deus não proíbe o uso de maquiagens e o embelezamento.

Alguns utilizam a passagem de 1 Reis 9.30, que fala de Jezabel, para proibirem o uso de maquiagens (pinturas). Tal interpretação é bastante absurda e fora de contexto. A Bíblia não nos explica o motivo de Jezabel ter pintado em volta dos olhos e enfeitado sua cabeça, e tampouco a Bíblia condena o fato de Jezabel ter pintado em volta dos olhos e enfeitado a cabeça. Na Bíblia, Jezabel é condenada por Deus por causa da idolatria, da maldade, da mentira e da prostituição (1 Reis, capítulos 16, 18, 19 e 21, Apocalipse 2.20).

Se o uso de maquiagens e o embelezamento fosse pecado, Deus condenaria o processo de embelezamento o qual foi submetida Ester (a rainha):

Sucedeu que, divulgando-se o mandado do rei e a sua lei, e ajuntando-se muitas moças na fortaleza de Susã, aos cuidados de Hegai, também levaram Ester à casa do rei, sob a custódia de Hegai, guarda das mulheres. E a moça pareceu formosa aos seus olhos, e alcançou graça perante ele; por isso se apressou a dar-lhe os seus enfeites, e os seus quinhões, como também em lhe dar sete moças de respeito da casa do rei; e a fez passar com as suas moças ao melhor lugar da casa das mulheres.
Ester, porém, não declarou o seu povo e a sua parentela, porque Mardoqueu lhe tinha ordenado que o não declarasse. E passeava Mardoqueu cada dia diante do pátio da casa das mulheres, para se informar de como Ester passava, e do que lhe sucederia.E, chegando a vez de cada moça, para vir ao rei Assuero, depois que fora feito a ela segundo a lei das mulheres, por doze meses (porque assim se cumpriam os dias das suas purificações, seis meses com óleo de mirra, e seis meses com especiarias, e com as coisas para a purificação das mulheres),Desta maneira, pois, vinha a moça ao rei; dava-se-lhe tudo quanto ela desejava, para levar consigo da casa das mulheres à casa do rei; Å tarde entrava, e pela manhã tornava à segunda casa das mulheres, sob os cuidados de Saasgaz, camareiro do rei, guarda das concubinas; não tornava mais ao rei, salvo se o rei a desejasse, e fosse chamada pelo nome. Chegando, pois, a vez de Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu (que a tomara por sua filha), para ir ao rei, coisa nenhuma pediu, senão o que disse Hegai, camareiro do rei, guarda das mulheres; e alcançava Ester graça aos olhos de todos quantos a viam. Assim foi levada Ester ao rei Assuero, à sua casa real, no décimo mês, que é o mês de tebete, no sétimo ano do seu reinado. E o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres, e alcançou perante ele graça e benevolência mais do que todas as virgens; e pôs a coroa real na sua cabeça, e a fez rainha em lugar de Vasti. (Ester 2:8-17)

Em outra versão da Bíblia, o versículo 12 está escrito da seguinte forma: Antes de qualquer daquelas moças apresentar-se ao rei Xerxes, devia completar doze meses de tratamento de beleza prescritos para as mulheres, seis meses com óleo de mirra e seis meses com perfumes e cosméticos.  (Ester 2:12 – Nova Versão internacional)

O próprio Deus é quem estava por trás de tudo o que aconteceu com Ester, preparando-a para os seus divinos propósitos.

Em Cânticos 3.6 está escrito:

“Quem é esta que sobe do deserto, como colunas de fumaça, perfumada de mirra, de incenso, e de todos os pós dos mercadores?” (Cânticos 3:6).

Se o embelezamento fosse pecado, esta passagem bíblica escrita em Cânticos 3.6 seria rechaçada por Deus.

A Bíblia não condena ou proíbe o simples uso de maquiagens, pinturas e o embelezamento. Nós, cristãos, temos liberdade em Cristo Jesus (Colossenses 2.20-21; Gálatas 5.1). Não obstante o uso de maquiagens e pinturas não sejam proibidos pela palavra de Deus, entende-se que o princípio estabelecido em 1 Timóteo 2.9 é válido quanto ao uso de maquiagens e pinturas pelas mulheres cristãs: Portanto, as mulheres cristãs, ao se embelezarem, devem se lembrar dos seguintes princípios: decência, bom senso, honestidade, modéstia, discrição e pudor.


O USO DO CORTE DE CABELO

Vejamos o que diz a Bíblia em 1 Coríntios 11.3-16 e depois destacaremos a correta interpretação desta passagem bíblica:

Quero porém, que saibais que Cristo é a cabeça de todo homem, o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo. Todo homem que ora ou profetiza com a cabeça coberta desonra a sua cabeça.  Mas toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra a sua cabeça, porque é a mesma coisa como se estivesse rapada. Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também; se, porém, para a mulher é vergonhoso ser tosquiada ou rapada, cubra-se com véu.  Pois o homem, na verdade, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus; mas a mulher é a glória do homem.  Porque o homem não proveio da mulher, mas a mulher do homem;  nem foi o homem criado por causa da mulher, mas sim, a mulher por causa do homem.  Portanto, a mulher deve trazer sobre a cabeça um sinal de submissão, por causa dos anjos. Todavia, no Senhor, nem a mulher é independente do homem, nem o homem é independente da mulher.  pois, assim como a mulher veio do homem, assim também o homem nasce da mulher, mas tudo vem de Deus.  julgai entre vós mesmos: é conveniente que uma mulher com a cabeça descoberta ore a Deus? Não vos ensina a própria natureza que se o homem tiver cabelo comprido, é para ele uma desonra; mas se a mulher tiver o cabelo comprido, é para ela uma glória? Pois a cabeleira lhe foi dada em lugar de véu. Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem tampouco as igrejas de Deus.

Primeiramente, deve ser destacado que em nenhum momento desta passagem bíblica foram utilizados os seguintes termos bíblicos: pecado, inferno, perdição eterna ou salvação.  Tudo o que é pecado está destacado na Bíblia de forma absoluta e não muda no tempo e nem no espaço (Ex.: 1 Coríntios 6.9 e 10). A questão de 1 Coríntios 11.3-16 gira em torno dos termos: honra, desonra, vergonha e costume, termos estes que são relativos, pois mudam de acordo com o tempo e o espaço.

Chama a atenção o fato de que em nenhuma outra parte do Novo Testamento é tratada esta questão do cabelo, o que demonstra que somente em Corinto, na Grécia, é que a Igreja de Cristo enfrentou algum tipo de problema com relação ao cabelo. Segundo alguns historiadores, em Corinto existiam cultos pagãos às deusas Vênus e Afrodite, cultos estes que incluíam ritos baixíssimos e vergonhosos. Afrodite era a deusa da fertilidade, da prostituição, da orgia, sendo que as sacerdotisas de Afrodite, que eram prostitutas, rapavam as cabeças, sendo que os sacerdotes de Afrodite, que eram homossexuais, tinham cabelos compridos. 

Cumpre destacar que o costume de Corinto se chocava com o costume dos judeus, pois em Israel um homem com o cabelo comprido, ao contrário de Corinto, poderia ser alguém que estava fazendo um voto de santificação (voto de nazireu), voto este que foi estabelecido pelo próprio Deus em Números capítulo 6. A Bíblia também nos ensina que Sansão (Juízes  13.5) e o profeta Samuel (1 Samuel 1.11) tinham cabelos compridos, o que foi estabelecido e aceito por Deus e, por isto, tal fato não poderia ser considerado vergonhoso ou desonroso na sociedade judaica, ao contrário da sociedade coríntia.  Uma mulher com a cabeça rapada, em Israel, poderia ser alguém que acabara de fazer um voto de santificação (nazireado, conf. Números capítulo 6), o que não deveria ser considerado desonroso em Israel, pois o voto do nazireado foi estabelecido por Deus, e Ele não estabeleceria uma desonra, sendo que em Corinto era desonroso o fato de uma mulher orar ou profetizar  com a cabeça descoberta ou andar com o cabelo rapado. Outra contradição entre os costumes da sociedade coríntia e os costumes da sociedade judaica diz respeito ao fato de o homem cobrir a cabeça ou não, pois os judeus, por causa de uma interpretação de Deuteronômio 22.12, há séculos possuem o costume de cobrirem a cabeça durante a oração, com chapéu ou kipá, ao contrário do que foi prescrito por Paulo aos irmãos de Corinto. Percebe-se, portanto, que somente em Corinto era desonroso as mulheres orarem ou profetizarem com a cabeça descoberta ou terem cabelos curtos, sendo que somente em Corinto era desonroso os homens orarem ou profetizarem com a cabeça coberta ou terem cabelos compridos.

Vejamos o comentário da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal (CPAD, 1995, p. 1599) acerca de 1 Coríntios 11.14 e 15:

“Ao discorrer sobre as cabeças cobertas e o comprimento do cabelo, Paulo se reportou ao fato de que os crentes devem ter uma aparência e um comportamento honrado em sua cultura. Embora seja desonroso para o homem ter cabelo crescido, há culturas em que o cabelo longo para os homens é considerado apropriado e masculino. Em Corinto, era um sinal de prostituição os homens de cabelos longos e as mulheres de cabelo curto. Paulo recomendou que na cultura coríntia as mulheres  cristãs mantivessem cabelos longos. Se o cabelo curto para as mulheres era um sinal de prostituição, seria conseqüentemente difícil para uma mulher cristã com cabelo curto ser testemunha idônea de Jesus Cristo. Paulo não afirmou que devemos adotar todas as práticas de nossa cultura, e sim que devemos evitar aparências e comportamentos que depreciam nossa meta maior que é sermos testemunhas de Jesus Cristo”.

A Bíblia de Estudo de Genebra (ECC/SBB, 1999, p. 1359), ao comentar 1 Coríntios 11.16, finaliza ensinando o seguinte:

“nós não temos tal costume. Paulo não usa exatamente esse tipo de argumento em qualquer de suas epístolas. Tal conclusão a uma passagem difícil pode dar apoio à contenção de que o apóstolo não estava prescrevendo formas permanentes de adoração, mas antes, tratava com questões de propriedade cultural. (...)”

A Palavra de Deus não proíbe o corte de cabelo pelas mulheres, assim como não obriga as mulheres de outros costumes (como as brasileiras) a usarem o véu nos cultos. Não obstante a liberdade que temos em Cristo Jesus, deve ser destacado que da passagem bíblica de 1 Coríntios 11.3-16 são extraídos importantes princípios bíblicos, princípios estes que devem sempre ser lembrados e praticados, dentro os quais se destacam: a) Devemos ter reverência na adoração a Deus; b) Os anjos observam a nossa adoração, portanto, devemos cultuar a Deus com um coração submisso, com ordem e com decência; c) As mulheres devem respeitar aos seus maridos, devendo estar sujeitas aos poderios deles; d) Em cada cultura que o cristão está inserido, este deve se comportar de maneira honrosa; e) no Reino de Deus, mulheres e homens são iguais, na Igreja e na família, todavia, a mulher se submete ao homem; f) Deus abomina a homossexualidade e o travestismo, por isto, Deus não deseja que os homens, de propósito, se comportem e se pareçam  com as mulheres, assim como Ele não deseja que as mulheres, de propósito, se comportem e se pareçam com homens.

Quem quiser estudar mais um pouquinho sobre este tema pode também ler o artigo que escrevi sobre a aparência de Jesus.


O USO DA BARBA

A Palavra de Deus não diz que devemos rapar a barba, conforme ensinam alguns cristãos.

Alguns, de forma totalmente errônea, utilizam a passagem de Gênesis 41.14, que fala que José se barbeou antes de se apresentar a Faraó. Os que usam este argumento se esquecem que, na tipologia bíblica, Faraó representa satanás, e não Deus. Esquecem-se também de que José estava no Egito, o país em que a depilação foi criada e onde era costume dos homens raparem o cabelo e a barba. Esquecem também que na cultura judaica a barba era um costume, e que ela só era rapada em situações de vergonha e luto.

Dentre as 613 ordenanças que Deus deu a Moisés para ser aplicada ao povo judeu, acha-se algo a respeito da barba:

Levítico 19.27:

“Não cortareis o cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, nem danificareis as extremidades da tua barba.”

Percebe-se, portanto, que os judeus não poderiam aparar as extremidades da barba, ou seja, a barba deveria crescer livremente.

Na profecia messiânica de Isaias 50.6, o profeta fala acerca da barba do messias (Jesus Cristo), que seria puxada:

“Ofereci minhas costas para aqueles que me batiam, meu rosto para aqueles que arrancavam minha barba; não escondi a face da zombaria e da cuspida.” (N.V.I.)

Nós, cristãos, não estamos debaixo da Lei, pois fomos alcançados pela Graça mediante a nossa fé, e, portanto, não somos obrigados a deixar a barba crescer. Temos liberdade em Cristo (Gálatas 5.1) para deixar a barba crescer, para apará-la ou para rapá-la.   

QUE DEUS ABENÇOE A TODOS !!!