Graça e Paz de Cristo!
Já escrevi, neste blog, acerca de vários temas bíblicos que geralmente são mencionados quando se fala a respeito do uso de vestimentas, adornos, etc (usos e costumes). Nesta postagem tratarei especificamente acerca do uso de calça comprida, bermuda, jóias, maquiagens (pinturas, para alguns), barba e corte de cabelo (pelos cristãos), numa interpretação bíblica, equilibrada e contextualizada! Para acessar as outras postagens (tolerância cristã, doutrina x costumes, vaidade, mundo e mundanismo, Jezabel, a porta e o caminho estreitos, luz do mundo, farisaísmo, legalismo cristão, interpretação da bíblia, etc.), vá em arquivos ou nos marcadores (no lado esquerdo da tela) e sinta-se em casa.
Não desejo, com os textos que escrevo, criticar esta ou aquela denominação cristã e tampouco desejo criticar a opinião de alguns amados irmãos em Cristo que possuem opiniões divergentes das minhas. Eu respeito a opinião e o chamado de cada um. O Apóstolo Paulo, quando escreveu aos Romanos, deu uma verdadeira aula a respeito da tolerância cristã no capítulo 14! A maioria das divisões e discussões seriam evitadas se o capítulo 14 da Epístola de Paulo aos Romanos fosse levado a sério!
Sei que este assunto incomoda muita gente e que esta temática já gerou muitas polêmicas e divisões no meio do povo de Deus, tudo isto por falta da bendita tolerância prescrita em Romanos 14! Não estou, com estes textos, julgando ou desprezando quem pensa de forma diferente. Todavia, é importante que este tema seja analisado biblicamente, temperado com muito temor a Deus, amor às almas e à verdade!
Quero esclarecer, antes de tudo, que não sou a favor de libertinagens e tampouco sou a favor do uso indiscriminado de qualquer tipo de vestimenta e adornos! Não! Eu me posiciono contra a imoralidade, a sensualidade e a indecência! Sou a favor da santidade, da decência e da ordem! Sou a favor de um cristianismo equilibrado, sem legalismos, sem libertinagens e sem escândalos! Sou a favor da manutenção dos bons costumes, todavia, penso que costume deve ser ensinado como costume (ou como uma questão de identidade da denominação) e doutrina bíblica deve ser ensinada como tal, de acordo com a bíblia corretamente interpretada.
Gostaria de ressaltar ainda que sou contra a desobediência, pois a obediência é algo muito importante no Reino de Deus (entendo que a desobediência à liderança só é plausível quando ela te "obrigar" a fazer algo claramente anti-bíblico - exemplo: um Líder que "obriga" os seus liderados a praticarem algum tipo de idolatria). Se você congrega em uma denominação que prega e mantém certos usos e costumes, é melhor você obedecer, pois a bíblia condena veementemente a desobediência e ordena a obediência aos líderes religiosos, às autoridades e aos pais (1 Sm 15.22,23; Hb 13.17; 1 Jo 5.3, Rm 6.17, Mt 16.19). Lúcifer foi um rebelde, um desobediente. A desobediência e a rebeldia despertam um sentimento desagradável em Deus, pois fazem Deus se lembrar de Lúcifer! Se você não concorda com as normas internas e os costumes da denominação que você congrega, não fique discutindo, causando divisões ou desobedecendo, pois, neste caso, você será uma pedra de tropeço, irá atrapalhar, não irá frutificar e estará pecando (numa situação destas é muito melhor você obedecer e não discutir ou então pedir a benção do teu pastor e ir para outra denominação que tenha uma visão bíblica idêntica a tua).
O que escrevi logo abaixo reflete um resumo do meu estudo bíblico sobre o uso de algumas vestimentas e adornos! Ore, pedindo a ajuda do Espírito Santo, e, com a ajuda do Espírito Santo, analise e reflita sobre o que a Bíblia diz a respeito destes assuntos!
O USO DE CALÇA
COMPRIDA
Alguns
cristãos usam a seguinte passagem bíblica para afirmarem que as mulheres
cristãs brasileiras não podem usar calça comprida:
“Não haverá
traje de homem na mulher, e nem vestirá o homem roupa de mulher; porque,
qualquer que faz isto, abominação é ao SENHOR teu Deus.” (Deuteronômio 22.5)
Primeiramente, cumpre ressaltar que a ordenança acima
se acha inserida dentro da Lei de Moisés, ou seja, é uma das 613 ordenanças que
Deus deu a Moisés (Torá, Lei) para que fosse aplicada ao Povo Judeu (Se quiser cumprir a Lei, cumpra ela inteira, pois se errar em um só ponto, será culpado dela inteira: Paráfrase de Tiago 2.10). Nós, gentios, não
estamos sujeitos à Lei de Moisés, pois fomos alcançados e somos salvos unicamente
pela Graça. Cumpre ressaltar que a Graça de Deus (favor de Deus, imerecido para os homens) sempre existiu, sendo que inclusive há diversas manifestações da Graça no Velho Testamento, todavia, no Velho Testamento a Graça não estava disponível a todos e não era um modelo universal de salvação, entretanto, após o sacrifício vicário de Jesus abriram-se os portais eternos para uma nova aliança do homem com Deus, um novo tempo, uma nova era de comunhão entre Deus e o homem, a era da dispensação da graça, que é a era que nós estamos vivendo (Efésios 2.8; Romanos 6.23; Atos 15.19,20; Gálatas 2.1-21; Gálatas
5.1-6; João 8.32, 36; Colossenses
2.20-23, Gálatas 3.11).
Não obstante, entendo que o citado versículo (Deut. 22.5)
contém um importante princípio bíblico, que é válido para nós, que é o
princípio do “não travestismo”, da “diferença entre os sexos” (com fundamento também
no Novo Testamento). Tanto no Tempo da
Lei (Levítico
18:22,23; Levítico 20.13) como no atual Tempo da Graça (Rm 1.24-32; 1 Co 6.9 – 11; 1 Tm 1.8 – 11; 1
Tm 2.13) a Bíblia condena o travestismo, a homossexualidade e os pecados desta natureza (versículos citados). Antes mesmo da
existência da Lei de Moisés, Deus já tinha destruído Sodoma e Gomorra por causa
dos pecados sexuais daquele povo (Gênesis 18.17-33; Gênesis capítulo 19). Deus sempre
abominou o travestismo, a homossexualidade, a bi-sexualidade,
a trans-sexualidade, assim como sempre abominou os pecados sexuais praticados por heterossexuais (adultério, fornicação, lascívia, bestialidade, incesto, impurezas, pornografias, etc).
Vejamos o comentário da Bíblia de Estudo
Aplicação Pessoal (Casa Publicadora das Assembléias de Deus – CPAD, 1995, p.
258) a respeito de Deuteronômio 22.5:
“Essa norma foi decretada a fim de que homens e
mulheres não invertessem sua sexualidade, ou seja, não adotassem práticas
homossexuais. (...)”
O que o versículo 5 de Deuteronômio capítulo 22
quer dizer é que o homem não deve se vestir e se comportar como uma mulher,
assim como a mulher não deve se vestir e se comportar como um homem, princípio
este que nos é aplicável, pois tem concordância no Novo Testamento.
Percebe-se, no entanto, que em nenhum momento a
Bíblia utiliza as palavras “calça comprida”, “saia” ou “vestido”, pois os
homens e as mulheres de Israel usavam vestes parecidas, ou seja, as diferenças
entre a roupa masculina e a feminina (vestidos, capa, casaco, vestes) usadas na
época eram mínimas (aparentemente, os homens usavam vestes na altura dos joelhos e as mulheres usavam vestes um pouco mais compridas).
A questão do uso da calça comprida para mulher é
algo que depende da cultura e do costume local, e, conforme já foi visto, o
costume e a cultura variam no tempo e no espaço. Se em determinado país, pelos costumes locais somente
os homens usam calça comprida, eu aconselharia as mulheres cristãs daquele país
a não usarem calça comprida, pois elas estariam se vestindo e se comportando
como os homens e, de acordo com o costume daquele local, elas poderiam ser
taxadas de travestis ou de homossexuais e estariam causando escândalos e possivelmente seriam desonradas (por causa do costume daquele local), o que desagradaria
a Deus (Rm 14.15.21).
No Brasil, no entanto, de acordo com os nossos
costumes atuais, homens e mulheres podem usar calças compridas. Frise-se que,
no Brasil, as calças masculinas são diferentes das calças femininas (tecido, corte,
zíper, cor, etc.) e, de acordo com o nosso costume atual, nenhuma mulher é
vista como uma “travesti” ou como uma “homossexual” e tampouco é desonrada ou causa escândalos pelo simples fato de estar
vestindo uma calça comprida decente.
Portanto, de acordo com a Bíblia e com os nossos costumes, não há
nada de errado ou de pecaminoso no fato de uma mulher usar uma calça comprida
descente (não transparente, não muito justa, não sensual). Frise-se ainda que uma boa calça
comprida geralmente é muito mais decente e menos sensual do que certos
vestidos e saias. A calça comprida também protege mais o pudor feminino em
certas situações como no andar de bicicleta, no andar de motocicleta, no
trabalho, num eventual acidente etc..
O USO DA
BERMUDA
Não há nenhum versículo bíblico que proíba o uso da
bermuda.
Alguns cristãos brasileiros afirmam que homens não
podem usar bermuda. Estes mesmos que
proíbem o uso da bermuda dizem que as mulheres podem usar saias ou vestidos na
altura do joelho. Ora, se as mulheres podem usar saias na altura do joelho, os
homens também podem usar calças cortadas na altura do joelho (chamadas de bermuda).
De acordo com o costume brasileiro e com a Bíblia,
não há nada que obste o homem cristão a usar uma decente bermuda masculina
(não há nenhuma nudez ou sensualidade numa bermuda descente). Assim como os homens, as mulheres também podem
usar bermudas femininas descentes, pois temos liberdade em Cristo (Gálatas 5.1; 1 Co
7.23; Col. 2.20-23).
O USO DE
JÓIAS E ENFEITES
A palavra de Deus não proíbe o uso de jóias.
Alguns, no entanto, interpretam a palavra de Deus erroneamente.
Muitas vezes a palavra vaidade é utilizada
indevidamente para se proibir o uso de jóias. Vaidade significa vão, inútil,
sem duração, fútil, sem valor. A Bíblia nos ensina, em Eclesiastes 1.2, que
tudo é vaidade. A beleza, a riqueza, a inteligência, o carro novo, a casa nova,
a roupa nova, as jóias, tudo passa, tudo se vai, nada desta terra é eterno,
tudo é vaidade! Na bíblia, a palavra
vaidade não é associada diretamente ao uso de jóias ou ao embelezamento (o
conceito bíblico da palavra vaidade é diferente do conceito que a sociedade
brasileira atribui à palavra vaidade).
A aliança de
noivado ou de casamento que usamos no dedo é uma joia, os prendedores de gravatas, as abotoaduras e os prendedores de cabelo também são jóias (ou semi-jóias ou bijuterias), assim sendo, alguns são hipócritas ao proibirem o uso de
jóias, pois muitas vezes eles mesmos usam jóias.
Vamos analisar alguns versículos bíblicos usados
incorretamente para se proibir o uso de jóias:
Gênesis 35.2-4:
“Então
disse Jacó à sua família, e a todos os que com ele estavam: Tirai os deuses
estranhos, que há no meio de vós, e purificai-vos, e mudai as vossas vestes. E
levantemo-nos, e subamos a Betel; e ali farei um altar ao Deus que me respondeu
no dia da minha angústia, e que foi comigo no caminho que tenho andado. Então
deram a Jacó todos os deuses estranhos, que tinham em suas mãos, e as arrecadas
que estavam em suas orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está
junto a Siquém.”
Vale à pena citar o claro comentário da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal (Casa Publicadora as Assembleias de Deus, 1995, p. 60) a respeito de Gênesis 35.4:
“Nos dias de Jacó, os brincos eram usados como
amuletos para dar boa sorte e afastar o mal. A família de Jacó precisava
livrar-se de todas as influências pagãs, incluindo as lembranças de deuses
pagãos”. Esta interpretação condiz com o contexto (com o versículo 2 de Gênesis 35).
Em outras palavras, o que Deus estava dizendo em
Gênesis 35.4, de acordo com a nossa linguagem atual, é: Tira este trevo de
quatro folhas de dentro da bolsa, tira esta pata de coelho do chaveiro, tira
este ferradura pendurada na parede, tira esta nota de um dólar de dentro da
carteira, ou seja, a nossa sorte é Deus, nós somos guiados por Ele e não
precisamos de nenhum amuleto, de ídolos e nem de outros deuses.
Outro argumento (bastante falho) utilizado por
alguns, é que o bezerro de ouro nasceu das jóias, e que, se o povo de Israel
não tivesse jóias, o bezerro de ouro não teria sido construído (Êxodo 32.2-4).
Ora, muitos daqueles judeus que saíram do Egito eram teimosos, desobedientes e
idólatras, sendo que, se eles não tivessem ouro, iriam arrumar outro material
para fazerem o bezerro (de madeira, de barro, etc.). Sim, as jóias foram
utilizadas para fazer um bezerro de ouro (objeto de idolatria), mas as jóias
também tiveram destinações corretas e foram utilizadas para a construção do
Tabernáculo (Êxodo 36.34-38), para a
fabricação dos utensílios do culto e da própria arca do conserto (Êxodo
25.11-13) e como oferta ao Senhor (Números 31.50). Nossas posses podem ter destinações malignas
ou corretas, dependendo das inclinações dos nossos corações.
Outro versículo utilizado por alguns para proibirem
o uso de Jóias é Isaias 53, que fala das filhas de Sião:
Isaías 3:16-24:
“Diz
ainda mais o SENHOR: Porquanto as filhas de Sião se exaltam, e andam com o
pescoço erguido, lançando olhares impudentes; e quando andam, caminham
afetadamente, fazendo um tilintar com os seus pés; Portanto o Senhor fará
tinhoso o alto da cabeça das filhas de Sião, e o SENHOR porá a descoberto a sua
nudez, Naquele dia tirará o Senhor os
ornamentos dos pés, e as toucas, e adornos em forma de lua, Os pendentes, e os
braceletes, as estolas, Os gorros, e os ornamentos das pernas, e os cintos e as
caixinhas de perfumes, e os brincos, Os
anéis, e as jóias do nariz, Os vestidos de festa, e os mantos, e os xales, e as
bolsas. Os espelhos, e o linho finíssimo, e os turbantes, e os véus. E será que em lugar de perfume haverá mau
cheiro; e por cinto uma corda; e em lugar de encrespadura de cabelos, calvície;
e em lugar de veste luxuosa, pano de saco; e queimadura em lugar de formosura.”
Nesta passagem bíblica observa-se claramente que
não há uma proibição quanto ao uso de jóias, tanto que, se as jóias fossem
proibidas, os cintos, os perfumes, os gorros, os vestidos de festa e os
espelhos, citados nos versículos acima, também deveriam ser proibidos pelos pregadores que usam esta passagem para tentar proibir o uso de joias. Aqueles que interpretam esta passagem bíblica
erroneamente geralmente só utilizam os versículos que lhes convém, se esquecendo
do contexto! Por que aqueles que utilizam esta passagem para proibir o uso de
jóias não andam de corda, de pano de saco e com cheiro ruim? Por que não jogam
fora todos os espelhos que possuem em suas residências e automóveis?
Numa leitura contextualizada, se percebe que o
pecado das filhas de Sião foi o andar emproado, a soberba e a altivez. Deus abomina
a soberba e a altivez (Provérbios 16.18, 1 Pedro 5.5). Deus tirou tudo que elas tinham como uma
forma de punição, por conseqüência do orgulho e da altivez delas.
A Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal (CPAD, 1995,
p. 899) nos dá uma importante lição acerca desta passagem bíblica (Isaias
3.16-26):
“As mulheres de Judá dedicavam maior ênfase ao
vestuário e às jóias que ao Senhor. Vestiam-se para chamar a atenção, para
receber elogios e estar na moda. Esqueciam-se, portanto, do verdadeiro
propósito de suas vidas, e não se preocupavam com toda a opressão à sua volta
(3.14,15). Eram egoístas e serviam somente a si próprias. Aqueles que abusam de
suas posses terminarão sem nada. Estes versículos não devem ser interpretados
como uma acusação contra o vestuário e as jóias, mas como um castigo àqueles
que os usam de forma perdulária e mantém-se indiferentes às necessidades dos
semelhantes. Quando Deus nos abençoa com dinheiro ou posição, não devemos
fazer alarde, mas usar o que temos para ajudar aos outros, em lugar de
impressioná-los.” (Grifo nosso).
A pessoa pode ser rica, ter jóias, uma bela casa,
um belo automóvel, uma ótima profissão, e não ser altiva, não ser soberba. Há
pessoas, no entanto, que ao comprarem um simples carro usado, uma simples casa
ou até mesmo uma joia, ficam soberbas e cheias de si. Deus, no entanto, abomina
a soberba e o orgulho. Deus deve ser
prioridade em nossas vidas, nada nem ninguém pode tomar o lugar dEle em nossos
corações. Temos que usar tudo o que temos e tudo o que somos de acordo com os
propósitos de Deus.
Outra passagem bíblica, agora do Novo Testamento,
que alguns utilizam para proibir o uso de jóias, é 1 Pedro 3.3. Vejamos o que
diz 1 Pedro 3.3-5:
“O
enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de
ouro, na compostura dos vestidos; Mas o homem encoberto no coração; no
incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de
Deus. Porque assim se adornavam também
antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos
seus próprios maridos;”
Linguisticamente e teologicamente falando, de modo nenhum este versículo está proibindo o uso de jóias. Se este versículo estivesse proibindo o uso de jóias, também estaria proibindo o uso de vestidos bonitos e os penteados. De acordo com o contexto, esta passagem bíblica está tratando do comportamento das esposas e dos maridos cristãos. O versículo 1 diz que, pelo procedimento da esposa cristã, o marido não cristão é ganho (ao evangelho) sem palavra. Assim sendo, o Ap. Pedro continua ensinando nos versículos adiante que o maior enfeite da esposa (para ela ganhar o marido) deve ser o interior, o caráter cristão, o amor.
Em 1 Pedro 3.3-5 o Ap. Pedro ensina, numa linguagem
de contraste, que o interior (o caráter cristão, baseado no amor, na mansidão,
na quietude) é mais importante que o exterior (aparência, beleza), ou seja,
devemos nos preocupar mais com a nossa beleza interior do que com a nossa
beleza exterior, princípio este que vale para mulheres e para homens.
Esta mesma linguagem de contraste é utilizada em
João 6.27, que diz:
“Trabalhai,
não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a
qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou.”
Neste versículo (João 6.27) Jesus não nos está
proibindo de trabalharmos pelo pão de cada dia, Jesus está dizendo que o mais
importante é a nossa salvação e a salvação das pessoas em nossa volta (“Pois, que
aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?” - Marcos 8.36). O Reino de Deus é eterno e mais
importante que as coisas materiais e terrenas, que são passageiras.
Algumas versões da Bíblia tornaram a passagem de 1
Pedro 3.3-5 um pouco mais fácil de ser entendida:
“A beleza
de vocês não deve estar nos enfeites exteriores, como cabelos trançados e jóias
de ouro ou roupas finas. Pelo contrário, esteja no ser interior, que não
perece, beleza demonstrada num espírito dócil e tranqüilo, o que é de grande
valor para Deus. Pois era assim que também costumavam adornar-se as santas
mulheres do passado, que colocavam a sua esperança em Deus. Elas se sujeitavam
a seus maridos,” (1 Pedro 3:3-5 – Nova Versão Internacional)
“Não se
preocupem com a beleza exterior que depende de jóias, ou de roupas bonitas, ou
de penteados. Sejam belas interiormente, em seus corações, com o encanto
duradouro de um espírito amável e manso, que é tão precioso para Deus. Esse
tipo de beleza interior foi o que se viu nas santas mulheres do passado, as
quais confiavam em Deus e se acomodavam aos planos dos maridos” (1 Pedro 3.3-5
- Novo Testamento Vivo)
A Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal (CPAD, 1995,
p. 1768), faz o seguinte comentário acerca de 1 Pedro 3.3:
“Não devemos ser obcecados pela moda, contudo não
devemos ser tão desinteressados a ponto de não cuidarmos de nós mesmos.
Higiene, limpeza e elegância são importantes, porém ainda mais importante é a
atitude e o espírito interior de uma pessoa. A verdadeira beleza começa
interiormente”.
Outra passagem bíblica que alguns utilizam
incorretamente para proibir o uso de jóias é a de 1 Timóteo 2.9,10, que diz:
“Que do
mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não
com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, Mas (como convém a mulheres que fazem
profissão de servir a Deus) com boas obras.”
Cumpre destacar inicialmente que na primeira parte
do versículo 9 o Ap. Paulo estabeleceu um importante princípio cristão quando disse:
“as mulheres se ataviem em traje honesto,
com pudor e modéstia” – R.C. (em outra versão – R.A. - está escrito: “as mulheres, as trajes decentes, se ataviem
com modéstia e bom senso”). Eis aqui os requisitos bíblicos que devem nortear
o comportamento das mulheres cristãs na que tange às vestimentas e adornos: decência,
bom senso, honestidade, modéstia, discrição e pudor (como um princípio bíblico, estes requisitos bíblicos são aplicáveis aos homens cristãos também).
No que tange à segunda parte do versículo 9 e
versículo 10, de 1 Timóteo cap. 2 (“não
com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, Mas (como
convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras.”),
deve ser destacado que, linguisticamente e teologicamente falando, também não
há, nesta passagem, uma proibição bíblica quanto ao uso de jóias, de vestidos
caros ou de penteados pelas mulheres cristãs. Assim como em 1 Pedro 3.3 e João
6.27 (já citados), em 1 Timóteo 2.9 e 10 há também uma linguagem de contraste. O
Ap. Paulo nos ensina, em 1 Timóteo 2.9 e 10, que as boas obras (em concordância
com Mateus 5.16; Tiago 2.26) são mais importantes que a aparência e o exterior
(João 13.35, João 7.24).
Em 1 Timóteo 2.9 e 10, o Ap. Paulo, além de
estabelecer alguns princípios quanto às vestimentas e adornos, também nos
ensina que não devemos nos preocupar e gastar nosso dinheiro excessivamente com
a aparência (Ex.: comprando jóias caras, roupas caras, fazendo cirurgias
plásticas desnecessárias, frequentando salões de beleza ou centros de estética
dispendiosos, comprando automóveis caros, etc.), pois o cristão de verdade doa boa
parte do seu tempo e daquilo que possui em favor dos irmãos na fé, da obra de
Deus e dos necessitados. Um cristão não pode ser uma pessoa voltada
para si mesma, egoísta. Uma vida cristã sem ajuda ao próximo e sem boas obras não é vida
cristã, pois a fé sem obras é morta (Tiago 2.26). O verdadeiro cristão é um
imitador de Cristo, tem o caráter de cristo, a mente de Cristo, e, assim como
Cristo, o cristão é luz do mundo e pratica boas obras (Mateus 5.14-16) e, por
onde passa, o cristão faz a diferença com as suas atitudes. Temos que chamar a atenção pela lisura do nosso caráter cristão, e não pela nossa aparência!
Algumas versões da Bíblia tornam esta passagem bíblica
(de 1 Timóteo 2.9 e 10) muito fácil de ser entendida:
“E as
mulheres sejam do mesmo modo, calmas e sensatas nas atitudes e na maneira de
vestir. As mulheres cristãs devem ser notadas por sua bondade e virtude, e não
pela maneira como arrumam o cabelo ou
por causa das jóias ou roupas extravagantes”. (Novo Testamento Vivo).
Ainda a respeito de 1 Timóteo 2.9, a Bíblia de
Estudo de Genebra (1999, ECC, SBB, p. 1443) nos explica na nota de rodapé:
“Paulo não se preocupa com vestimenta ou jóias como tais , mas com a atitude da
pessoa que as usa (1 Pe 3.3-4) (...)”.
Vejamos alguns outros comentários acerca de 1
Timóteo 2.9 em outras Bíblias de Estudo:
“Mulheres em traje decente. Cf 1Pe 3.3-4. Traje (gr katastole).
Provavelmente se refere ao comportamento em geral e não somente às vestes. Decente
(gr kosmios). Tem o efeito de ‘em ordem’. A idéia dominante da frase inteira é
de bom gosto, sensibilidade e simplicidade, em contraste com os excessos e a
falsidade”. (Bíblia Vida Nova, Dr. Russel P. Shedd, vida Nova, 1980, p. 249 do
Novo Testamento)
“Aparentemente, algumas mulheres cristãs estavam
tentando conquistar respeito procurando parecer bonitas, em vez de se adequarem
ao caráter de Cristo. Talvez algumas mulheres tivessem pensado que podiam
atrair seus maridos incrédulos para Cristo através de sua aparência (ver o
conselho de Pedro a tais mulheres em 1 Pedro 3.1-6). O fato de uma mulher querer ser atraente não
está em desacordo com as Escrituras. A beleza, porém, começa no interior de uma
pessoa. Um caráter manso, modesto e amoroso ilumina a face de uma maneira que
não pode ser reproduzida pelos melhores cosméticos e jóias do mundo. Um
exterior cuidadosamente bem tratado e elegante será artificial e frio, a menos
que a beleza interior esteja presente.” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD,
1995, p. 1703).
Sabendo-se que foi o Apóstolo Paulo quem escreveu
esta passagem bíblica analisada (1 Timóteo 2.9 e 10), uma interpretação
proibitiva quanto ao uso de jóias, roupas bonitas e penteados entraria em choque
com as próprias palavras do Ap. Paulo aos Colossenses e aos Gálatas:
“Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do
mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo,
tais como: Não
toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os
preceitos e doutrinas dos homens; As quais têm, na verdade, alguma aparência de
sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não
são de valor algum senão para a satisfação da carne.” (Colossenses 2:20-23)
“Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos
libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.” (Gálatas 5:1)
Deus nunca proibiu o uso de jóias. No Velho
Testamento, o servo de Abraão, quando
foi procurar uma esposa para Isaque e encontrou Rebeca, deu a ela jóias de ouro
e de prata (pendentes, pulseiras), o que em nenhum momento foi criticado por
Deus (ver Gênesis Capítulo 24, especialmente os versículos 22, 30, 47 e 53 e
contextos).
Em Cânticos 1.10, está escrito:
“Formosas são as tuas faces entre os teus enfeites,
o teu pescoço com os colares”
Em Ct. 1.10 e em seu contexto não há nenhuma
crítica ou proibição quanto ao uso de jóias.
Se o simples uso de jóias fosse pecado, Deus jamais aceitaria as ofertas de “pecados” (de jóias) ou jamais aceitaria usar “pecado” (jóias) na construção da Tenda da Congregação (ver Êxodo 35.21, 22 e 29; Números 31. 50-54).
Se jóias, ouros e pedras preciosas fossem objetos pecaminosos por si sós, no céu jamais poderia ter ouro, pedras preciosas, coroa, etc (conforme detalhado no Livro de Apocalipse).
Deus não está interessado em saber se você possui
jóias, Deus está interessado em saber o que você vai fazer com elas (vai usá-las
para simplesmente ficar mais bela para seu esposo? é benção! vai usá-las para ofertá-las quando
Deus te pedir? é benção! vai usá-las com a intenção de ficar sensual e para se
prostituir? é maldição! Vai usá-las para fazer um "bezerro de ouro"? É
maldição!)! Deus não está interessado na tua conta bancária, Deus está interessado em saber o que você vai
fazer com ela (vai usar para ajudar a
obra de Deus? é benção! vai usar para ajudar o próximo? é benção! vai usar para
se prostituir? é maldição! vai usar para se sentir poderoso e auto-suficiente?
é maldição!)! Deus não está interessado em saber o tipo ou a quantidade de
automóveis que você tem, Deus está interessado em saber o que você vai fazer
com ele (vai utilizá-lo para trabalhar? é benção! vai utilizá-lo para ir à Igreja?
é benção! vai utilizá-lo para dar carona para as pessoas? é benção! vai
utilizá-lo para ir a um prostíbulo? é maldição! vai utilizá-lo para se sentir
poderoso e superior? é maldição!). Deus quer que tudo o que temos (bens
materiais e imateriais, como a inteligência) sejas utilizados para o bem e para
a Glória de Deus! Deus deve ser a nossa
prioridade!
Portanto, de acordo com a palavra de Deus
interpretada de uma forma contextualizada e linguisticamente correta, o simples
uso de jóias não é pecado.
O USO DE
MAQUIAGENS E PINTURAS
Alguns legalistas afirmar que as mulheres cristãs
não devem usar maquiagens ou pinturas, ou seja, não devem se embelezar,
todavia, a Palavra de Deus não proíbe o uso de maquiagens e o embelezamento.
Alguns utilizam a passagem de 1 Reis 9.30, que fala
de Jezabel, para proibirem o uso de maquiagens (pinturas). Tal interpretação é
bastante absurda e fora de contexto. A Bíblia não nos explica o motivo de
Jezabel ter pintado em volta dos olhos e enfeitado sua cabeça, e tampouco a
Bíblia condena o fato de Jezabel ter pintado em volta dos olhos e enfeitado a
cabeça. Na Bíblia, Jezabel é condenada por Deus por causa da idolatria, da
maldade, da mentira e da prostituição (1 Reis, capítulos 16, 18, 19 e 21,
Apocalipse 2.20).
Se o uso de maquiagens e o embelezamento fosse pecado, Deus condenaria o processo de embelezamento o qual foi submetida Ester
(a rainha):
Sucedeu que, divulgando-se o
mandado do rei e a sua lei, e ajuntando-se muitas moças na fortaleza de Susã,
aos cuidados de Hegai, também levaram Ester à casa do rei, sob a custódia de
Hegai, guarda das mulheres. E a
moça pareceu formosa aos seus olhos, e alcançou graça perante ele; por isso se
apressou a dar-lhe os seus enfeites, e os seus quinhões, como também em lhe dar
sete moças de respeito da casa do rei; e a fez passar com as suas moças ao
melhor lugar da casa das mulheres.
Ester, porém, não declarou o seu povo e a sua parentela, porque Mardoqueu lhe tinha ordenado que o não declarasse. E passeava Mardoqueu cada dia diante do pátio da casa das mulheres, para se informar de como Ester passava, e do que lhe sucederia.E, chegando a vez de cada moça, para vir ao rei Assuero, depois que fora feito a ela segundo a lei das mulheres, por doze meses (porque assim se cumpriam os dias das suas purificações, seis meses com óleo de mirra, e seis meses com especiarias, e com as coisas para a purificação das mulheres),Desta maneira, pois, vinha a moça ao rei; dava-se-lhe tudo quanto ela desejava, para levar consigo da casa das mulheres à casa do rei; Å tarde entrava, e pela manhã tornava à segunda casa das mulheres, sob os cuidados de Saasgaz, camareiro do rei, guarda das concubinas; não tornava mais ao rei, salvo se o rei a desejasse, e fosse chamada pelo nome. Chegando, pois, a vez de Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu (que a tomara por sua filha), para ir ao rei, coisa nenhuma pediu, senão o que disse Hegai, camareiro do rei, guarda das mulheres; e alcançava Ester graça aos olhos de todos quantos a viam. Assim foi levada Ester ao rei Assuero, à sua casa real, no décimo mês, que é o mês de tebete, no sétimo ano do seu reinado. E o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres, e alcançou perante ele graça e benevolência mais do que todas as virgens; e pôs a coroa real na sua cabeça, e a fez rainha em lugar de Vasti. (Ester 2:8-17)
Ester, porém, não declarou o seu povo e a sua parentela, porque Mardoqueu lhe tinha ordenado que o não declarasse. E passeava Mardoqueu cada dia diante do pátio da casa das mulheres, para se informar de como Ester passava, e do que lhe sucederia.E, chegando a vez de cada moça, para vir ao rei Assuero, depois que fora feito a ela segundo a lei das mulheres, por doze meses (porque assim se cumpriam os dias das suas purificações, seis meses com óleo de mirra, e seis meses com especiarias, e com as coisas para a purificação das mulheres),Desta maneira, pois, vinha a moça ao rei; dava-se-lhe tudo quanto ela desejava, para levar consigo da casa das mulheres à casa do rei; Å tarde entrava, e pela manhã tornava à segunda casa das mulheres, sob os cuidados de Saasgaz, camareiro do rei, guarda das concubinas; não tornava mais ao rei, salvo se o rei a desejasse, e fosse chamada pelo nome. Chegando, pois, a vez de Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu (que a tomara por sua filha), para ir ao rei, coisa nenhuma pediu, senão o que disse Hegai, camareiro do rei, guarda das mulheres; e alcançava Ester graça aos olhos de todos quantos a viam. Assim foi levada Ester ao rei Assuero, à sua casa real, no décimo mês, que é o mês de tebete, no sétimo ano do seu reinado. E o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres, e alcançou perante ele graça e benevolência mais do que todas as virgens; e pôs a coroa real na sua cabeça, e a fez rainha em lugar de Vasti. (Ester 2:8-17)
Em outra versão da Bíblia, o versículo 12 está
escrito da seguinte forma: “Antes de qualquer daquelas moças apresentar-se ao
rei Xerxes, devia completar doze meses de tratamento de beleza prescritos para
as mulheres, seis meses com óleo de mirra e seis meses com perfumes e
cosméticos.” (Ester 2:12 – Nova Versão internacional)
O próprio Deus é quem estava por trás de tudo o que
aconteceu com Ester, preparando-a para os seus divinos propósitos.
Em Cânticos 3.6 está escrito:
“Quem é esta que sobe do deserto, como colunas de fumaça,
perfumada de mirra, de incenso, e de todos os pós dos mercadores?” (Cânticos 3:6).
Se o embelezamento fosse pecado, esta
passagem bíblica escrita em Cânticos 3.6 seria rechaçada por Deus.
A Bíblia não condena ou proíbe o
simples uso de maquiagens, pinturas e o embelezamento. Nós, cristãos, temos liberdade
em Cristo Jesus (Colossenses 2.20-21; Gálatas 5.1). Não obstante o uso de maquiagens
e pinturas não sejam proibidos pela palavra de Deus, entende-se que o princípio
estabelecido em 1 Timóteo 2.9 é válido quanto ao uso de maquiagens e pinturas
pelas mulheres cristãs: Portanto, as mulheres cristãs, ao se embelezarem, devem
se lembrar dos seguintes princípios: decência, bom senso, honestidade,
modéstia, discrição e pudor.
O USO DO
CORTE DE CABELO
Vejamos o que diz a Bíblia em 1 Coríntios 11.3-16 e
depois destacaremos a correta interpretação desta passagem bíblica:
“Quero porém, que saibais que Cristo é a cabeça de todo homem, o homem a
cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo. Todo homem que ora ou profetiza
com a cabeça coberta desonra a sua cabeça.
Mas toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra a
sua cabeça, porque é a mesma coisa como se estivesse rapada. Portanto, se a
mulher não se cobre com véu, tosquie-se também; se, porém, para a mulher é
vergonhoso ser tosquiada ou rapada, cubra-se com véu. Pois o homem, na verdade, não deve cobrir a
cabeça, porque é a imagem e glória de Deus; mas a mulher é a glória do
homem. Porque o homem não proveio da
mulher, mas a mulher do homem; nem foi o
homem criado por causa da mulher, mas sim, a mulher por causa do homem. Portanto, a mulher deve trazer sobre a cabeça
um sinal de submissão, por causa dos anjos. Todavia, no Senhor, nem a mulher é
independente do homem, nem o homem é independente da mulher. pois, assim como a mulher veio do homem,
assim também o homem nasce da mulher, mas tudo vem de Deus. julgai entre vós mesmos: é conveniente que
uma mulher com a cabeça descoberta ore a Deus? Não vos ensina a própria
natureza que se o homem tiver cabelo comprido, é para ele uma desonra; mas se a
mulher tiver o cabelo comprido, é para ela uma glória? Pois a cabeleira lhe foi
dada em lugar de véu. Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal
costume, nem tampouco as igrejas de Deus. ”
Primeiramente, deve ser destacado que em nenhum
momento desta passagem bíblica foram utilizados os seguintes termos bíblicos:
pecado, inferno, perdição eterna ou salvação.
Tudo o que é pecado está destacado na Bíblia de forma absoluta e não
muda no tempo e nem no espaço (Ex.: 1 Coríntios 6.9 e 10). A questão de 1
Coríntios 11.3-16 gira em torno dos termos: honra, desonra, vergonha e costume,
termos estes que são relativos, pois mudam de acordo com o tempo e o espaço.
Chama a atenção o fato de que em nenhuma outra
parte do Novo Testamento é tratada esta questão do cabelo, o que demonstra que
somente em Corinto, na Grécia, é que a Igreja de Cristo enfrentou algum tipo de
problema com relação ao cabelo. Segundo alguns historiadores, em Corinto existiam
cultos pagãos às deusas Vênus e Afrodite, cultos estes que incluíam ritos
baixíssimos e vergonhosos. Afrodite era a deusa da fertilidade, da
prostituição, da orgia, sendo que as sacerdotisas de Afrodite, que eram
prostitutas, rapavam as cabeças, sendo que os sacerdotes de Afrodite, que eram
homossexuais, tinham cabelos compridos.
Cumpre destacar que o costume de Corinto se chocava
com o costume dos judeus, pois em Israel um homem com o cabelo comprido, ao
contrário de Corinto, poderia ser alguém que estava fazendo um voto de
santificação (voto de nazireu), voto este que foi estabelecido pelo próprio
Deus em Números capítulo 6. A Bíblia também nos ensina que Sansão (Juízes 13.5) e o profeta Samuel (1 Samuel 1.11) tinham
cabelos compridos, o que foi estabelecido e aceito por Deus e, por isto, tal fato não poderia ser considerado vergonhoso ou desonroso na sociedade judaica, ao contrário da sociedade
coríntia. Uma mulher com a cabeça
rapada, em Israel, poderia ser alguém que acabara de fazer um voto de
santificação (nazireado, conf. Números capítulo 6), o que não deveria ser considerado desonroso em
Israel, pois o voto do nazireado foi estabelecido por Deus, e Ele não
estabeleceria uma desonra, sendo que em Corinto era desonroso o fato de uma mulher
orar ou profetizar com a cabeça
descoberta ou andar com o cabelo rapado. Outra contradição entre os costumes da
sociedade coríntia e os costumes da sociedade judaica diz respeito ao fato de o
homem cobrir a cabeça ou não, pois os judeus, por causa de uma interpretação de
Deuteronômio 22.12, há séculos possuem o costume de cobrirem a cabeça durante a
oração, com chapéu ou kipá, ao contrário do que foi prescrito por Paulo aos
irmãos de Corinto. Percebe-se, portanto, que somente em Corinto era desonroso
as mulheres orarem ou profetizarem com a cabeça descoberta ou terem cabelos
curtos, sendo que somente em Corinto era desonroso os homens orarem ou
profetizarem com a cabeça coberta ou terem cabelos compridos.
Vejamos o comentário da Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal (CPAD, 1995, p. 1599) acerca de 1 Coríntios 11.14 e 15:
“Ao discorrer sobre as cabeças cobertas e o
comprimento do cabelo, Paulo se reportou ao fato de que os crentes devem ter
uma aparência e um comportamento honrado em sua cultura. Embora seja desonroso
para o homem ter cabelo crescido, há culturas em que o cabelo longo para os
homens é considerado apropriado e masculino. Em Corinto, era um sinal de
prostituição os homens de cabelos longos e as mulheres de cabelo curto. Paulo
recomendou que na cultura coríntia as mulheres
cristãs mantivessem cabelos longos. Se o cabelo curto para as mulheres
era um sinal de prostituição, seria conseqüentemente difícil para uma mulher
cristã com cabelo curto ser testemunha idônea de Jesus Cristo. Paulo não
afirmou que devemos adotar todas as práticas de nossa cultura, e sim que
devemos evitar aparências e comportamentos que depreciam nossa meta maior que é
sermos testemunhas de Jesus Cristo”.
A Bíblia de Estudo de Genebra (ECC/SBB, 1999, p.
1359), ao comentar 1 Coríntios 11.16, finaliza ensinando o seguinte:
“nós não temos tal costume. Paulo não usa
exatamente esse tipo de argumento em qualquer de suas epístolas. Tal conclusão
a uma passagem difícil pode dar apoio à contenção de que o apóstolo não estava
prescrevendo formas permanentes de adoração, mas antes, tratava com questões de
propriedade cultural. (...)”
A Palavra de Deus não proíbe o corte de cabelo
pelas mulheres, assim como não obriga as mulheres de outros costumes (como as
brasileiras) a usarem o véu nos cultos. Não obstante a liberdade que temos em
Cristo Jesus, deve ser destacado que da passagem bíblica de 1 Coríntios 11.3-16 são
extraídos importantes princípios bíblicos, princípios estes que devem sempre ser lembrados e praticados, dentro os quais se destacam: a)
Devemos ter reverência na adoração a Deus; b) Os anjos observam a nossa
adoração, portanto, devemos cultuar a Deus com um coração submisso, com ordem e
com decência; c) As mulheres devem respeitar aos seus maridos, devendo estar
sujeitas aos poderios deles; d) Em cada cultura que o cristão está inserido, este
deve se comportar de maneira honrosa; e) no Reino de Deus, mulheres e homens
são iguais, na Igreja e na família, todavia, a mulher se submete ao homem; f)
Deus abomina a homossexualidade e o travestismo, por isto, Deus não deseja que
os homens, de propósito, se comportem e se pareçam com
as mulheres, assim como Ele não deseja que as mulheres, de propósito, se comportem e se
pareçam com homens.
Quem quiser estudar mais um pouquinho sobre este tema pode também ler o artigo que escrevi sobre a aparência de Jesus.
O USO DA
BARBA
A Palavra de Deus não diz que devemos rapar a
barba, conforme ensinam alguns cristãos.
Alguns, de forma totalmente errônea, utilizam a
passagem de Gênesis 41.14, que fala que José se barbeou antes de se apresentar a
Faraó. Os que usam este argumento se esquecem que, na tipologia bíblica, Faraó
representa satanás, e não Deus. Esquecem-se também de que José estava no Egito,
o país em que a depilação foi criada e onde era costume dos homens raparem o
cabelo e a barba. Esquecem também que na cultura judaica a barba era um costume,
e que ela só era rapada em situações de vergonha e luto.
Dentre as 613 ordenanças que Deus deu a Moisés para
ser aplicada ao povo judeu, acha-se algo a respeito da barba:
Levítico 19.27:
“Não cortareis o cabelo,
arredondando os cantos da vossa cabeça, nem danificareis as extremidades da tua
barba.”
Percebe-se, portanto, que os
judeus não poderiam aparar as extremidades da barba, ou seja, a barba deveria
crescer livremente.
Na profecia messiânica de
Isaias 50.6, o profeta fala acerca da barba do messias (Jesus Cristo), que
seria puxada:
“Ofereci minhas costas para aqueles que me batiam, meu rosto para
aqueles que arrancavam minha barba; não escondi a face da zombaria e da
cuspida.” (N.V.I.)
QUE DEUS ABENÇOE A TODOS !!!