Graça e Paz!
No meio cristão pouco se prega e se ensina sobre os perigos e os erros do "legalismo cristão". Quando se fala acerca do legalismo cristão, geralmente também se fala sobre a liberdade cristã. Alguns se abstém de pregarem ou de ensinarem acerca do legalismo cristão justamente pelo fato de serem legalistas, enquanto que outros simplesmente não falam sobre o legalismo por acharem este tema um pouco polêmico ou difícil de ser entendido. A Bíblia, no entanto, é claríssima quando trata deste assunto (legalismo e liberdade cristã) que, diante da Bíblia, nada têm de polêmico.
No meio cristão pouco se prega e se ensina sobre os perigos e os erros do "legalismo cristão". Quando se fala acerca do legalismo cristão, geralmente também se fala sobre a liberdade cristã. Alguns se abstém de pregarem ou de ensinarem acerca do legalismo cristão justamente pelo fato de serem legalistas, enquanto que outros simplesmente não falam sobre o legalismo por acharem este tema um pouco polêmico ou difícil de ser entendido. A Bíblia, no entanto, é claríssima quando trata deste assunto (legalismo e liberdade cristã) que, diante da Bíblia, nada têm de polêmico.
Conforme o Dicionário Teológico de Claudionor Corrêa de Andrade (Casa Publicadora das Assembléias de Deus – CPAD, 2007, p. 251), o legalismo é definido da seguinte forma:
“[Do lat. Legale + ismo] Tendência a se reduzir a fé cristã aos aspectos puramente materiais e formais das observâncias, práticas e obrigações eclesiásticas. No Novo Testamento, o legalismo foi introduzido na Igreja de Cristo pelos crentes oriundos do Judaísmo que, interpretando erroneamente o Evangelho de Cristo, forçavam os gentios a guardarem a Lei de Moisés. Contra o legalismo, insurgiu-se Paulo. Em suas epístolas aos gálatas e aos romanos, o apóstolo deixou bem claro que o homem é salvo unicamente pela fé em Cristo Jesus, e não pelas obras da Lei”.
A Bíblia de Estudo de Genebra (Editora Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999, p. 1133), em Nota Teológica relativa à Mateus 23.4 (versículo que trata dos fariseus), nos dá uma importante e completa lição sobre o legalismo cristão, ipsis litteris:
“O Novo Testamento considera a obediência cristã como a prática de “boas obras”. Os cristãos são “ricos de boas obras” (1 Tm 6.18; cf. Mt 5.16; Ef 2.10; 2Tm 3.17; Tt2.7, 14; 3.8,14) Uma boa obra é aquela feita segundo padrão correto, isto é, segundo a vontade revelada de Deus; com base na motivação correta, ou seja, no amor a Deus e aos outros; e com um propósito correto, isto é, a glória de Deus. O legalismo é uma distorção da obediência que nunca pode produzir boas obras neste sentido. O legalismo distorce a motivação e o propósito, vendo as boas obras como meio de se obter o favor de Deus. O legalismo pode levar à arrogância e a desdenhar daqueles que não agem de acordo com os seus padrões. Finalmente, o propósito egoísta do legalismo exclui do coração a bondade despretenciosa e a compaixão. No Novo Testamento, encontramos diferentes espécies de legalismo. Os legalistas entre os fariseus pensavam que, por serem descendentes de Abraão, tinham aprovação garantida da parte de Deus, enquanto, paradoxalmente, formalizaram a observância diária da lei, em seus mínimos detalhes, como regra de vida. Agindo desse modo, eles evitaram aquilo que a lei verdadeiramente exigia. Os judaizantes eram legalistas que ensinavam aos cristãos que eles precisavam ir além e tornar-se judeus, submetendo-se à circuncisão e observando o calendário religioso e as leis rituais, e, deste modo, obterem o favor de Deus. Jesus atacou o legalismo dos fariseus, e Paulo, o dos judaizantes. Os fariseus que se opunham a Jesus consideravam-se fiéis guardadores da lei mosaica. Contudo, dando ênfase aos menores detalhes, negligenciavam o que era mais importante (Mt. 23.23-24). Suas interpretações elaboradas e desencaminhadas da lei negavam seu verdadeiro espírito e propósito ( Mt 15.3-9; 23.16-24). Substituíram a lei autorizada de Deus pelas tradições humanas, subjugando as consciências onde Deus as havia deixado livres (Mc 2.16-3.6; 7.1-8). No íntimo, eram hipócritas, pois buscavam a aprovação humana para si mesmos e condenavam os outros (Lc 20.45-47; Mt 6.1-8; 23.2-7). Os judaizantes aos quais se opunha Paulo acrescentavam ao evangelho exigências para a salvação, exigências estas obscureciam a negavam a suficiência absoluta de Cristo (Gl 3.1-3; 4.21). A idéia de que era necessário acrescentar exigências para aperfeiçoar o evangelho era a raiz do erro deles. Paulo se opõe a essa idéia, não importando quem a propusesse (Cl 2.8-23), porque ela corrompia o caminho da salvação. Assim como Jesus, Paulo não tolerava aqueles que traziam novos fardos para sobrecarregar as ovelhas.”.
O legalismo é um ensino oposto ao ensino da liberdade cristã. O Apóstolo Paulo foi o grande defensor da liberdade cristã. Quem desejar entender um pouquinho mais este tema (legalismo e liberdade cristã) precisa ler a Carta de Paulo aos Gálatas. Em resposta aos falsos ensinadores, o Ap. Paulo escreveu aos Gálatas para defender o seu apostolado, bem como a autoridade do Evangelho. Os irmãos da Galácia estavam trocando a pureza da fé pelo legalismo.
Para que possamos entender melhor este tema tão importante, vejamos o que diz o segundo capítulo da Epístola de Paulo aos Gálatas:
“Depois, passados catorze anos, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também comigo Tito. E subi por uma revelação, e lhes expus o evangelho, que prego entre os gentios, e particularmente aos que estavam em estima; para que de maneira alguma não corresse ou não tivesse corrido em vão. Mas nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se; E isto por causa dos falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão; Aos quais nem ainda por uma hora cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós. E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais tenham sido noutro tempo, não se me dá; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me comunicaram; Antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão (Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios), E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão; Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência. E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível. Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas, depois que chegaram, se foi retirando, e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão. E os outros judeus também dissimulavam com ele, de maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação. Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus? Nós somos judeus por natureza, e não pecadores dentre os gentios. Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada. Pois, se nós, que procuramos ser justificados em Cristo, nós mesmos também somos achados pecadores, é porventura Cristo ministro do pecado? De maneira nenhuma. Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor. Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim. Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde.” Grifo nosso (Gálatas 2.1.21).
Ainda no livro de Gálatas, o Apóstolo Paulo fala sobre a liberdade cristã, que se contrapõe ao legalismo:
“Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído. Porque nós pelo Espírito da fé aguardamos a esperança da justiça. Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor.” Grifo nosso (Gálatas 5. 1-6).
Amados, quem verdadeiramente conhece e se entrega a Jesus Cristo se torna livre: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (...) Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (João 8. 32 e 36).
Nós, que aceitamos e seguimos o Evangelho de Cristo, recebemos a salvação unicamente pela Graça de Deus (Efésios 2.8) e nos tornamos livres da escravidão da lei (de Moisés), da religiosidade e do pecado. Cristo, o nosso Senhor, nos comprou por bom preço, para que não sejamos servos de homens (1 Coríntios 7.23).
A palavra “Graça” significa o favor imerecido de Deus em favor da raça humana. Nós simplesmente não merecemos a salvação, mas Deus nos oferece este dom (da salvação) gratuitamente, por meio da fé no Evangelho de Jesus Cristo (Romanos 6.23). Não há nada que possamos fazer para merecer a salvação, ou seja, por mais que nos esforcemos, somos imundos e impuros diante da santidade e da justiça de Deus, conforme bem epigrafado em Isaias 64.6: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades como um vento nos arrebatam.”.
Por não merecermos a salvação, muitas vezes temos a errônea tendência humana de tentarmos alcançar o favor divino pelos nossos próprios méritos (auto-justificação). Quando assim agimos, enveredamos pelo caminho do legalismo cristão, caminho este em que se enfatiza, se prega e se ensina a severa obediência a rituais, a costumes, a fragmentos da lei de moisés e à normas extra-bíblicas (provenientes de doutrinas puramente humanas ou demoníacas) que, na verdade, não tem nenhum proveito diante de Deus, conforme bem destacado em Colossenses, no capítulo 2, versículos 20 ao 23, que diz: “Se morrestes com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies {as quais coisas todas hão de perecer pelo uso}, segundo os preceitos e doutrinas dos homens? As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne.”
A religiosidade e o legalismo tornam o homem escravo (da religião, da denominação, do líder, etc), Jesus Cristo, no entanto, nos comprou por bom preço para nos tornar livres!
Quando falamos de legalismo e liberdade cristã, não podemos nos esquecer de falar também que há um outro extremo, ou seja, há aqueles que se dizem cristãos, mas que vão radicalmente além da liberdade cristã, extrapolando-a.
Ainda no capítulo 5 da Epístola de Paulo aos Gálatas, no versículo 13 o Apóstolo nos dá uma clara advertência: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.” A liberdade cristã não pode ser confundida com libertinagem!
Sim, temos liberdade em Cristo Jesus, não obstante, devemos ter sempre em mente algumas recomendações da Palavra de Deus: a) Não temos liberdade para pecarmos, ao contrário, temos que ser livres dos pecados (conforme Romanos 6.6,22 e Gálatas 5.13); b) Temos que ser equilibrados, sensíveis e prudentes, conforme bem epigrafado em 1 Coríntios 10.23: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam” e não podemos agir de forma que a nossa liberdade faça com que os irmãos cristãos mais fracos na fé tropecem (Rm 14.13,15, 21, 22).
O cristão verdadeiro não é escravo do pecado, é nova criatura, é regenerado, larga a servidão ao pecado para se tornar servo de Cristo. Não há cristianismo sem arrependimento (arrependimento não é remorso ou tristeza, é abominar e abandonar as práticas pecaminosas passadas).
Pecado não é brincadeira e não deve fazer parte da vida do cristão. Quando falamos de “pecado”, estamos falando de algo que não se confunde com cultura e nem com costumes (que são relativos), pois o “pecado”, ao contrário dos costumes e das culturas, é absoluto. O pecado não muda no tempo (foi pecado no passado, é pecado no presente e será pecado no futuro) e nem muda no espaço (é pecado no Brasil, no Japão, em Israel e em qualquer lugar).
Se o leitor quer conhecer alguns exemplos de práticas e atitudes que sempre foram pecados e sempre serão (pois estão na Bíblia de forma absoluta), basta ler a Bíblia Sagrada em Gálatas 5.19-21: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.” Quer saber outras coisas que sempre foram e sempre serão pecados, leia ainda em 1 Coríntios 6.10: “Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.” Além de diversos outros versículos da Bíblia, outras coisas que sempre foram e sempre serão pecados também são descriminadas em Apocalipse 22.15: “Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira.”
Temos que tratar duramente com o pecado, todavia, não podemos ser como os fariseus legalistas, que enxergavam pecado onde não existia e que muitas vezes não enxergavam (ou fingiam não enxergar) aquilo que realmente era pecado (“Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo” - Mt 23.24). A Palavra de Deus também nos ensina que não devemos pregar, doutrinar ou nos submeter a regras e práticas religiosas que vão além da Bíblia Sagrada. O inconformismo com o puro evangelho é algo extremamente perigoso. O Legalismo faz com que o cristão se torne escravo (de um líder, de uma denominação, de leis), Jesus, no entanto, veio nos trazer a correta e equilibrada liberdade!
Que o Espírito Santo sempre nos guie pelo caminho da Verdade e que Ele nos ensine cada dia mais acerca do puro e genuíno Evangelho de Cristo. Que Deus nos livre de todo legalismo cristão, de toda religiosidade, de todo cristianismo judaizante, de todo farisaísmo, de toda escravidão, de todas as heresias, de toda libertinagem, de todas as doutrinas de homens e de todas as doutrinas de demônios. Que o Espírito Santo nos ensine a usufruirmos da Liberdade que temos em Cristo da forma correta, prudente, equilibrada, temperada e sensível. Que o Espírito Santo nos guie sempre pelo caminho do cristianismo correto e equilibrado!
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